Título: Em documento, diretório do PT deve reafirmar aposta em Dilma
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Fonte: Valor Econômico, 30/04/2009, Política, p. A8

Em meio ao impacto criado com o anúncio de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, está se tratando de um câncer, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores deve aprovar um documento em que reafirma o apoio à candidatura da ministra à Presidência em 2010. A ideia é que a resolução seja aprovada no próximo encontro da cúpula petista, prevista para os dias 8 e 9 de maio.

Depois do anúncio de que Dilma será submetida a um tratamento quimioterápico de quatro meses para combater um câncer linfático, aliados e oposicionistas começaram a especular sobre possíveis abalos em sua eventual candidatura.

Para o secretário-geral da sigla, deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), apesar de a ministra ainda não ser uma candidata oficial, o plano continua o mesmo. "Existe a compreensão por parte do partido de que o fato de ela ter a doença não muda em nada os nossos planos, e ela é o nome mais forte hoje", afirma.

Na segunda-feira, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia reafirmado que nada mudava em sua intenção de fazer de Dilma a sua sucessora. "Ela é a minha candidata, mas eu não sou o partido (o PT)", disse Lula. Para o presidente, Dilma "não tem mais nada".

Quanto a uma possível redução no ritmo de trabalho e de compromissos da pré-campanha, Cardozo afirma que o partido não deve interferir e que a decisão deve partir da própria ministra. "Ela tem o direito de se tratar e evidentemente é incorreto da nossa parte ditar qual ritmo ela vai levar daqui para frente. Mas tenho certeza que ela consegue combinar o tratamento com todo o resto", afirmou o secretário-geral.

Ao mesmo tempo em que o diretório nacional tenta abafar as especulações sobre uma alternativa da base ao nome de Dilma, o PT paulista iniciou no fim de semana uma caravana que deve percorrer o Estado para discutir o nome da candidato ao governo de São Paulo. O primeiro encontro do PT paulista aconteceu em Cubatão, na Baixada Santista e, segundo o partido, reuniu mais de 300 militantes e dirigentes petistas.

Pré-candidata à Presidência da República em 2010, Dilma confirmou no sábado que fará quimioterapia para combater o linfoma mas ressaltou que o tratamento não afetará o ritmo de suas atividades. Segundo a ministra da Casa Civil, não há incompatibilidade entre o tratamento e o trabalho.

Dilma está sendo assistida pelos médicos Roberto Kalil Filho (cardiologista), Paulo Hoff (oncologista clínico), e Yana Augusta Sarkis Novis (hematologista).

De acordo com os médicos, a quimioterapia será feita por questão de segurança, como tratamento complementar para o linfoma do tipo B de grandes células. As sessões de quimioterapia serão realizadas a cada três semanas e não devem afetar o ritmo de trabalho de Dilma.

Segundo a equipe médica que acompanha o estado de saúde da ministra, ela tem chances "altíssimas" de se curar totalmente do linfoma.

No final da tarde, a Casa Civil da Presidência desmentiu a notícia de que a ministra ontem teria realizado exames em São Paulo.