Título: Comissão vota entrada da Venezuela no Mercosul
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Fonte: Valor Econômico, 30/04/2009, Política, p. A10

A Venezuela foi o país com quem o Brasil teve a menor queda no saldo comercial (6,57%), entre os principais parceiros do país, no primeiro trimestre do ano, à exceção da China, único mercado para o qual continuam crescendo as exportações brasileiras. O saldo comercial do Brasil com a Venezuela chegou, em 2008, a duas vezes e meia o saldo obtido com os Estados Unidos. Esses são alguns dos dados levados ontem ao Congresso por empresários interessados no ingresso da Venezuela no Mercosul, ameaçado de rejeição pelo senado, de quem depende a medida.

Hoje, o ingresso do país será defendido, na Comissão e Relações Exteriores pelo ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o embaixador do Brasil, na Venezuela, Antônio Simões e o governador de Roraima, José de Anchieta Junior. O debate foi antecedido, porém, de visitas feitas pelo presidente da Câmara de Comércio Brasil Venezuela. José Francisco Marcondes Neto, a senadores de vários partidos.

Marcondes levou documentos para confrontar as críticas do diretor-executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes, que, em depoimento à mesma comissão, criticou a pressa do governo em aprovar o ingresso da Venezuela, a quem acusou de não cumprir os compromissos de abertura de mercado firmados com o bloco, e de ameaçar, com suas posições políticas, futuros acordos do Mercosul com outros parceiros comerciais. Fernandes lembrou as dificuldades impostas aos exportadores brasileiros com o controle de câmbio na Venezuela.

Na semana passada, a demora venezuelana em se comprometer com a maior abertura de mercado aos produtos do Mercosul foi discutida entre o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o ministro Amorim. Ontem, Chávez, na Venezuela, disse ter expectativa de ver a aprovação do ingresso do país antes de sua visita ao Brasil, em 26 de maio, e comentou ter acertado com Amorim o envio de um grupo de técnicos para negociar os pontos pendentes no acordo para a incorporação venezuelana ao bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Para Marcondes Neto, o Congresso deveria aprovar a adesão da Venezuela mesmo antes de concluídas as negociações sobre cronograma de redução de tarifas e exceções entre os venezuelanos e o Mercosul. Entre os a argumentos que justificariam a media, segundo Marcondes, estão as exportações brasileiras àquele mercado, de quase US$ 900 milhões, no primeiro trimestre.