Título: H1N1 não foi encontrado em rebanhos brasileiros
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Fonte: Valor Econômico, 30/04/2009, Internacional, p. A12

O Ministério da Agricultura enviou comunicado ontem afirmando que o vírus H1N1, que causa a gripe suína, não foi identificado em rebanhos suínos no Brasil. No informe, o ministério refere-se à doença como "Influenza Norte-Americana", a mesma denominação utilizada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

"O vírus H1N1, responsável pela atual epidemia de Influenza Norte-Americana, popularmente chamada de gripe suína, no México, Estados Unidos e Canadá, não foi identificado em rebanhos suínos no Brasil", diz o comunicado intitulado "Rebanho suíno brasileiro não oferece risco à população".

De acordo com o pesquisador Paulo Augusto Esteves, da Embrapa Suínos e Aves, ligada ao Ministério da Agricultura, o H1N1 é uma amostra nova e ainda não está claro se a origem são os suínos. "O importante é informar que não temos amostras desse vírus aqui no Brasil e não há possibilidade de humanos serem infectados por contato com suínos", disse o pesquisador, em nota do ministério.

A Embrapa Suínos e Aves faz pesquisas para entender a ocorrência e comportamento de diferentes agentes virais, entre os quais o da influenza suína, causada pelo vírus tipo A, no rebanho comercial do país. De acordo com Esteves, "a avaliação da presença do vírus da influenza em suínos no Sul e Sudeste do Brasil mostra que os subtipos detectados nesses trabalhos diferem do novo subtipo que vem causando o problema de saúde pública em diversos países".

A influenza suína provocada pelo vírus tipo A ocorre normalmente nos rebanhos de suínos ao redor do mundo, mas raramente causa doença em humanos, de acordo com informações do ministério.

Para assegurar que não há risco nas compras de carne suína brasileira, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, informou ontem que o ministério deve enviar hoje documento técnico às autoridades dos principais países importadores. No documento, o governo pretende reforçar a qualidade do sistema de produção de suínos no Brasil e a capacidade sanitária do setor, segundo o ministro.

"Se, eventualmente, alguma decisão tiver de ser tomada, nós estaremos à disposição para conversar sobre o assunto", disse Stephanes, por meio de nota. A prioridade no envio será dada à Rússia, maior importador do produto - as compras somaram US$ 130 milhões no primeiro trimestre deste ano.

Na nota, o ministro informou não acreditar que, por conta da disseminação da doença no mundo, o Brasil possa ser impedido de vender o produto. Em um segundo momento, segundo a avaliação, os embarques para a Rússia poderão ser ampliados. No total, as exportações, em comparação com o mesmo período de 2008, cresceram 18% no primeiro trimestre.

O ministro Stephanes prefere ser cauteloso quanto às especulações de mercado, segundo a nota do ministério. "Nós precisamos aguardar um pouco a evolução da gripe pelo mundo e medir as reações do consumidor", disse. Ao ser questionado se o Brasil encerraria a importação de carne suína com algum mercado devido à doença, Stephanes disse que segue as orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para que o comércio de carne suína não seja interrompido.