Título: Mercado imobiliário mantém contração nos EUA
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Fonte: Valor Econômico, 17/04/2009, Internacional, p. A13

As construtoras dos EUA iniciaram as obras de um número menor de imóveis residenciais em março e os alvarás caíram a uma baixa recorde, devido à tentativa das incorporadoras de reduzir os estoques. As retomadas de imóveis por falta de pagamento também cresceram.

O número de imóveis residenciais que tiveram as obras iniciadas caiu 10,8%, para uma taxa anualizada de 510 mil, informou o Departamento do Comércio. As permissões para construção, que sinalizam o futuro imediato do setor, caíram 9%, para 513 mil.

O excesso de propriedades não vendidas está pressionando para baixo os preços em todo o país, o que leva as construtoras a recuarem em seus projetos. O governo federal prometeu medidas para reduzir as retomadas judiciais por falta de pagamento, e o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) está comprando papéis lastreados em hipotecas, com o objetivo de reduzir o custo do financiamento de imóveis residenciais e de incentivar a demanda.

"Os compradores parecem mais interessados em aproveitar os preços de liquidação do mercado de imóveis usados do que do mercado de residências novas", disse Robert Dye, economista-sênior do PNC Financial Services Group, de Pittsburgh. "As construtoras estão, justificadamente, cautelosas agora, e muitos indicadores mostram condições adversas."

A abertura de processos de execuções de hipoteca, com retomada de imóveis não-quitados, cresceu 24% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2008, disse a RealtyTrac, empresa especializada em dados de inadimplência. Os valores dos imóveis podem cair ainda mais, uma vez que as retomadas aumentam o número de propriedades que voltam ao mercado.

Os preços de imóveis residenciais em 20 cidades dos EUA monitoradas pelo índice S&P/Case-Shiller caíram 29% a partir de seu pico, registrado em julho de 2006.

Um outro relatório divulgado hoje pelo governo dos EUA mostrou que o número de americanos que entraram com pedidos iniciais de seguro-desemprego na semana passada foi menor que o previsto por economistas. Os pedidos iniciais caíram de 663 mil na semana anterior para 610 mil, informou o Departamento do Trabalho.

Em um sinal que a crise da habitação pode estar chegando ao ponto mais baixo, a partir do qual começa a recuperação, o índice de confiança da Associação Nacional de Construtoras de Residências/Wells Fargo cresceu este mês, atingindo o nível mais alto desde outubro de 2008, disse a organização. A confiança aumentou de 9 pontos para 14, uma vez que a baixa recorde dos financiamentos de hipotecas e a queda nos preços começaram a incentivar a demanda. Leituras abaixo de 50 revelam que as empresas consideram que as condições são desfavoráveis.

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