Título: Ações esquecidas e defensivas formam mix
Autor: Cotias, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2009, Eu & Investimento, p. D3

Múltiplos melhores do que a média dos emergentes, bons fundamentos e preços atrativos justificam a continuidade do fluxo externo para a bolsa brasileira. Mas isso não quer dizer que o mercado local esteja imune a reveses, alerta a chefe de análise da SLW Corretora, Kelly Trentin. Com a percepção de que é hora de pinçar papéis para buscar valor no longo prazo, a casa desenterrou as ordinárias (ON, com direito a voto) da Paranapanema, ações que já reinaram entre as "blue chips" brasileiras.

Segundo o analista Pedro Galdi, desde que a família Lacombe se desfez do negócio com um endividamento enorme, até passar para as mãos dos fundos de pensão por meio de debêntures conversíveis, a companhia passou por um amplo processo de reestruturação operacional. Vendeu o deficitário negócio de estanho e hoje atua principalmente no segmento de cobre. "É uma empresa que não vai pagar dividendos tão cedo, tem prejuízos acumulados, mas já começa a mostrar melhor desempenho."

No segmento de commodities, além das tradicionais Vale, Petrobras e Usiminas, a Spinelli Corretora elegeu Ferbasa PN. Com múltiplos baixos em comparação aos pares locais e internacionais, a empresa conta com uma estrutura de capital enxuto, boas margens e um caixa líquido de R$ 360 milhões, que lhe dá certo conforto para atravessar o ambiente de maior restrição no crédito, diz o analista Max Bueno. Segundo ele, a companhia tem margens compensadoras, é competitiva, sendo a maior fornecedora de ferroligas do país, abastecendo principalmente a produção de aço inox. "É uma companhia que tem a produção totalmente integrada, tem mina própria de cromo e fornece até o produto acabado."

Embora o cenário tenha dado sinais de melhora, a Itaú Corretora preferiu manter a postura defensiva, sem desconsiderar eventos que possam favorecer o desempenho no curto prazo. "Há motivos para ficar aliviado, mas não otimista", diz a estrategista Maria Aparecida Souza. Com tal sensibilidade, a casa misturou pagadoras de dividendos, como Transmissão Paulista PN e Brasil Telecom PN, com ações como Cesp PN e Gafisa ON. Para Cesp, a previsão é de que sejam renovadas as concessões que emperram uma eventual privatização da companhia. "Mesmo considerando o pior cenário, em que as concessões não sejam renovadas, há potencial de valorização de mais de 50%". Apesar de Gafisa figurar entre as maiores altas do ano (mais de 100%), entre as grandes do ramo imobiliário é ainda a mais barata, avalia. A expectativa é de que a empresa apresente bom desempenho operacional no primeiro trimestre e que seja uma das mais beneficiadas com o pacote habitacional por meio da Tenda, no segmento voltado à baixa renda.