Título: Gripe atrapalha importação da Chrysler
Autor: Olmos,Marli
Fonte: Valor Econômico, 07/05/2009, Empresas, p. B6

Para a filial brasileira da Chrysler, a gripe suína preocupa mais no momento do que a crise financeira da matriz, nos Estados Unidos. Em torno de 70% dos veículos da marca vendidos no país vêm do México. A inspeção em um navio em alto mar por autoridades da vigilância sanitária atrasou a chegada de uma embarcação que trazia o modelo Dodge Ram.

"Nossos problemas hoje se limitam ao abastecimento", diz o diretor geral da Chrysler no Brasil, Philip Derderian. Segundo ele, ainda há estoques do modelo Dodge Journey e do PT Cruiser, também importados da fábrica localizada no México. Mas, no caso da Dodge Ram, que está no navio, os consumidores já estão em fila de espera.

O problema ainda não afetou General Motors, Volkswagen, Ford e Nissan, as outras montadoras que trazem veículos do México. A fábrica mexicana da Volks, situada em Puebla, onde são produzidos New Beetle e Jetta, parou durante duas semanas, segundo a empresa, por queda na demanda.

No caso da Chrysler, Derderian explica que o atraso no abastecimento fez as vendas caírem em abril. Ele garante, por outro lado, que a imagem da marca não foi prejudicada em razão das notícias sobre a concordata nos Estados Unidos e sobre a aliança com a Fiat. Na semana passada, a Fiat fechou um acordo com a Chrysler e assumiu uma participação inicial de 20% na montadora americana.

Por via das dúvidas, a filial brasileira da Chrysler emitiu ontem um comunicado à imprensa para ressaltar que "os 32 concessionários do país continuam operando normalmente para venda de veículos das marcas Chrysler, Dodge e Jeep" e que "todos os serviços de pós-venda, assistência técnica, reposição de peças, revisão e garantia estão mantidos".

Ao mesmo tempo, toda a equipe de vendas foi treinada para as dúvidas dos clientes. A principal preocupação, segundo Derderian, é explicar claramente o que é "o tal do capítulo 11". Dentro da Lei de Falências americana, o chamado "chapter 11" seria o equivalente à recuperação judicial, antiga concordata, no Brasil.

"Erros de tradução do termo para falência já levaram muita gente a ter uma interpretação errada do que de fato está acontecendo", diz Derderian. Por isso, os cerca de 150 vendedores da rede de concessionários já receberam material estão com as devidas explicações do termo.

Por enquanto, a operação brasileira não recebeu nenhuma orientação da matriz a respeito da aliança com a Fiat. "O acordo entre Detroit e Turin ainda não chegou a Jabaquara e Betim", afirma o executivo, referindo-se ao bairro paulistano e à cidade mineira, que abrigam as sedes da Chrysler e da Fiat.

O executivo estima que futuras orientações deverão chegar às operações brasileiras por volta do final de junho, quando devem ser acertados os detalhes da parceria em todo o mundo.

Limitada à importação, a operação da Chrysler no Brasil é bem menor que a da Fiat. O volume de vendas do grupo que representa as três marcas americanas no Brasil - Chrysler, Dodge e Jeep -no ano passado - 6,2 mil veículos - equivale a 1% da venda da montadora italiana.

A direção do grupo americano no Brasil trabalha com duas previsões de volumes de vendas para este ano. Com a linha de veículos atual, as vendas em 2009 deverão ficar em 5 mil unidades, o que representaria uma queda em relação ao ano passado. Mas, dependendo da data de confirmação de dois lançamentos, o volume total poderá chegar a 7 mil unidades.

Com 12,3 mil veículos vendidos no primeiro trimestre, as operações da Chrysler no mercado latino-americano registraram crescimento de 6,9% comparado ao mesmo período do ano passado. A Venezuela é o único país da região onde a companhia tem uma fábrica.