Título: Tesouro capta US$ 750 milhões
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 08/05/2009, Finanças, p. C1

O Tesouro Nacional brasileiro realizou ontem captação externa de US$ 750 milhões, nos mercados europeu e americano, em melhores condições que as obtidas em janeiro, no lançamento do bônus Global 2019, com volume inicial de US$ 1,025 bilhão.

Agora, a taxa de retorno para os investidores na reabertura do título foi de 5,80% ao ano, mais baixa que a de 6,127% da primeira operação. O spread, diferença com relação à taxa paga pelo governo americano no papel com o mesmo vencimento (10 anos), foi de 252 pontos básicos, menor do que os 370 pontos de janeiro.

A captação pode prosseguir hoje nos mercados asiáticos, com a emissão de até US$ 37,5 milhões adicionais. Segundo Alexander "Sandy" Severino, diretor gerente para os mercados de dívida da América Latina do Citigroup, um dos líderes da transação, a demanda pelos papéis brasileiros foi de quase US$ 4,5 bilhões. Isso fez com que o Tesouro elevasse de US$ 500 milhões para US$ 750 milhões a oferta na reabertura do Global 2019.

Robert Carlson, diretor de mercado de capitais para a América Latina do Barclays, que também foi líder da emissão, informou que o mercado "abriu muito forte" ontem e o governo brasileiro poderia captar mais, mas preferiu dar liquidez ao Global 2019 pagando taxa de retorno menor aos investidores sem elevar o estresse do mercado com emissão de volume maior.

Para Severino, o Brasil reabriu o bônus dando mais liquidez a essa referência para o vencimento de dez anos, com melhor taxa de retorno para os investidores e spread muito mais baixo que o obtido em janeiro. "Os objetivos da operação foram totalmente alcançados", comentou.

Os recursos entram nas reservas internacionais no dia 14 de maio e os cupons (juros nominais) serão pagos nos dias 15 de janeiro e 15 de julho de cada ano, até o vencimento em 15 de janeiro de 2019.

O presidente do Barclays para o Brasil, Alceu Lima, procurou ressaltar que essa foi a quinta operação feita para o governo brasileiro. "Já passamos pelo teste de estresse. Acreditamos e crescemos com o Brasil", disse.

De acordo com a interpretação do diretor do Citigroup, ainda é cedo para avaliar a estratégia de voltar a emitir títulos denominados em reais, apesar de o preço dos títulos ter "subido muito" nas últimas semanas.

"Há mais apetite para o risco e menos ansiedade sobre os testes de estresse dos bancos americanos", comentou Severino. Segundo ele, os números da economia ainda são ruins, mas melhoraram recentemente.