Título: Governo aponta sinais de recuperação, mas pode reduzir projeção para o PIB
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2009, Brasil, p. A4

O governo vê sinais de recuperação na economia brasileira, mas mesmo assim deve o crescimento de 2% estimado para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Enquanto presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou os sinais de retomada em investimentos no interior de São Paulo, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiu a revisão em sessão no Congresso Nacional.

Para Lula, passados os problemas enfrentados no último trimestre de 2008 e nos primeiros três meses deste ano, vários segmentos da economia já apresentam sinais de recuperação. "Certamente isso vai melhorando até chegar no fim do ano, e vamos começar 2010 em uma situação infinitamente melhor", disse o presidente, durante a inauguração da unidade de propeno da Replan, refinaria da Petrobras em Paulínia (SP). Lula também disse que o país aproveitará a produção do petróleo da camada pré-sal para fortalecer a indústria química nacional.

O presidente afirmou que o governo tem promovido os investimentos necessários para assegurar o crescimento da economia, a geração de empregos e a distribuição de renda. Citou como exemplo a Petrobras, que investiu no primeiro trimestre do ano 41% a mais do que no mesmo período de 2008. "Em qualquer atividade econômica você tem momentos de pico para cima e momentos de pico para baixo. O que é preciso é que a gente tenha um ponto de equilíbrio em que possa garantir que durante o ano inteiro a economia tenha crescido o mínimo satisfatório", afirmou o presidente. "Se investirmos corretamente, estaremos preparados para que, quando acabar a crise, a gente não comece do zero."

Apesar do discurso otimista de Lula, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse, durante audiência pública na Câmara, que o governo pode rever a meta de crescimento da economia para este ano, que é de 2%. Afirmou, no entanto, que a volatilidade provocada pela crise financeira dificulta uma estimativa precisa.

A meta do governo está acima do crescimento de 1,2% previsto pelo Banco Central. Já o mercado financeiro prevê retração de 0,30%, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima queda de 1,3%. Para o ministro, um crescimento menor neste ano ajudará o governo a alcançar o crescimento previsto para 2010, de 4,5%, já que a base de comparação será um PIB menor. "Podemos fazer até uma revisão do crescimento para este ano, mas eu não descartaria saltar de 2% neste ano para 4,5%, porque a base de comparação vai ser baixa", afirmou o ministro.

Falando do setor de petróleo, Lula destacou que o Brasil não pretende entrar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), pois pretende vender derivados de maior valor agregado. "Este país está predestinado nas próximas duas décadas a se transformar numa grande nação, não só industrializada, mas uma grande nação do ponto de vista da ciência", acrescentou. Segundo o presidente, o Brasil construirá três refinarias para atingir esse objetivo.

O presidente criticou, ainda, as montadoras e demais empresas que deixaram de produzir e preferiram desovar estoques devido à crise, só retomando a produção depois que o governo reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e começaram a faltar produtos no mercado. "Tem gente que na hora que aparece uma crise também pensa em tirar proveito dela." (Agências noticiosas)