Título: BNDES promete repassar redução dos custos
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2009, Finanças, p. C3

O BNDES irá repassar de forma imediata para algumas linhas de financiamento a redução de custo obtida no empréstimo de R$ 100 bilhões feito ao banco pelo Tesouro. Ontem o BNDES teve a informação de que o presidente Lula já havia assinado a medida provisória reduzindo o custo de parte do repasse do Tesouro. Esse custo era de TJLP mais 2,5% e caiu para TJLP mais 1% ao ano. Luciano Coutinho, presidente do banco, disse que a mudança seria comunicada hoje, via carta circular, aos agentes financeiros do banco.

"O objetivo é tornar as linhas competitivas e ajudar a reduzir o custo do capital de giro", disse Coutinho. Ele informou, porém, que a redução de custo não será estendida a todas as linhas de financiamento do banco. "Não é uma redução linear porque não se fez aumento (de custo) linear. Preservamos o essencial", disse. Segundo ele, quando o Tesouro foi autorizado a repassar R$ 100 bilhões para o BNDES o banco procurou evitar que esse dinheiro, com custo maior, tivesse impacto sobre prioridades de financiamento.

"Se fez um esforço para repassar o mínimo possível do custo desse funding para as linhas de apoio à formação de capital, aumento do investimento fixo das empresas e investimento em infraestrutura, além das linhas de inovação, que foram preservadas." O repasse concentrou-se no capital de giro, que agora será beneficiado, junto com outras linhas, pela redução das taxas.

A redução de custo atinge sobretudo o empréstimo-ponte, utilizado pelo setor de infraestrutura, o Programa Especial de Crédito (PEC) e a linha de pré-embarque, que financia a produção do bem a ser exportado. Linhas da Finame, que financiam a compra de máquinas e equipamentos, também serão beneficiadas, disse Coutinho.

O empréstimo-ponte, cujo custo nas operações diretas era de 14,5% ao ano, considerando-se o custo financeiro mais o spread do BNDES, cairá para um patamar entre 8,15% e 10,05%, dependendo do setor e do projeto a ser financiado. Nas operações indiretas, feitas via agente, ainda é preciso somar o spread do banco repassador que, em média, está em 4% ao ano. "Estamos tirando 4,5 pontos percentuais no custo do empréstimo-ponte para infraestrutura. A medida é válida para projetos não contratados", disse Coutinho.

A taxa cobrada no PEC foi reduzida de forma semelhante. Em operações diretas (acima de R$ 30 milhões), os tomadores passarão a pagar 10,25% ao ano, mais o spread, ante à taxa anterior de 14,5% ao ano. Nas operações indiretas, o custo caiu para 10,25% acrescido de 0,5% de intermediação financeira mais o spread de risco do agente financeiro. Segundo Coutinho, a demanda no PEC acumula R$ 6,7 bilhões entre operações em consulta, análise e contratação. Desse total, cerca de R$ 3 bilhões estão em consulta e enquadramento e mais de R$ 3 bilhões em análise. A contratação no PEC, porém, é de cerca de R$ 100 milhões, refletindo o alto custo da linha.

Nas operações pré-embarque, o custo da linha de financiamento, que oscilava entre 10,55% e 11,25% ao ano, dependendo do produto, passa a ser de 8,55% a 9,05%, mais spread. Após comentar a redução nas taxas, Coutinho disse que é cedo para se pensar em uma redução da TJLP, taxa que corrige os empréstimos concedidos pelo banco. "A TJLP é uma taxa de longo prazo que tem como critério a expectativa de inflação brasileira de longo prazo mais um juro", disse. Segundo ele, não se pode, portanto, analisar a TJLP com um olhar conjuntural, mas sim em uma perspectiva de longo prazo.