Título: Denúncia leva oposição a retomar investida por CPI
Autor: Bueno , Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2009, Brasil, p. A7

Novas denúncias sobre irregularidades na campanha da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), em 2006, desta vez envolvendo diretamente o vice-governador Paulo Afonso Feijó (DEM), animaram a oposição que tenta colher 19 assinaturas para instalar a chamada CPI da Corrupção na Assembleia Legislativa do Estado. Desde a semana passada o PT havia conseguido apenas 12 nomes, incluindo as bancadas do PSB e do PCdoB, mas agora a proposta pode receber o apoio de deputados do PDT, do PTB e do DEM.

A mudança de clima foi provocada por nova reportagem da revista "Veja", que publicou cópia de um e-mail no qual Feijó diz ao tesoureiro da campanha, Rubens Bordini, ter arrecadado R$ 25 mil em espécie da revenda de automóveis Simpala. Segundo a matéria, o dinheiro foi enviado dentro de uma mochila para Bordini, que negou ontem ter recebido os recursos. O diretor da revenda, que não aparece na relação de doadores da então candidata a governadora, Marco Antônio Vienna, também afirmou que "nunca houve doação a qualquer partido político".

Diante da guerra de versões, o líder da bancada do PDT na Assembleia, Adroaldo Loureiro, disse que o partido vai se reunir hoje para discutir a eventual adesão à CPI. A sigla tem seis deputados e ocupa cargos de segundo escalão no governo, mas segundo o parlamentar a situação "está se agravando" e a bancada deverá tomar uma decisão conjunta a respeito. A Assembleia gaúcha tem 55 cadeiras.

O deputado Cassiá Carpes, do PTB, que faz parte da base de apoio da governadora, também admitiu assinar o requerimento, mas disse que ainda precisa de "fatos novos". Paulo Borges, do DEM, afirmou que os dois parlamentares da sigla vão assinar o requerimento assim que as outras 17 assinaturas necessárias estiverem garantidas. Rompido com Yeda desde o início do governo, o próprio vice-governador já garantiu que, se for convidado, irá prestar depoimento na CPI.

Depois de uma reunião com deputados e líderes por partido, Feijó divulgou ontem uma nota em que responsabiliza Bordini pela prestação de contas dos R$ 25 mil. Ele sustentou a legalidade de ter recebido os recursos em dinheiro vivo, alegando que a Lei Eleitoral 9504/97 permite a operação, desde que os depósitos em espécie sejam identificados com o nome e CPF ou CNPJ do doador. "O tesoureiro é que devia ter depositado e emitido o recibo", acrescentou o deputado federal Onyx Lorenzoni, presidente estadual do DEM.

Yeda não comentou o assunto ontem. Ela contratou o advogado Eduardo Alckmin, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, para processar "Veja" por danos morais.