Título: Hélio Costa e Patrus aproximam-se para isolar Pimentel
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2009, Política, p. A9

A dificuldade em fechar uma parceria entre PT e PMDB, mesmo onde eles são aliados , tornou-se emblemática em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. O partido tem dois ministros no governo federal - Hélio Costa (Comunicações) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). E ambos querem concorrer ao governo estadual. E ainda há a opção do também petista Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, mas que precisa disputar internamente com Patrus.

A cúpula petista e parte do governo apostam em um acordo, com Hélio Costa, que lidera as pesquisas até o momento, na cabeça de chapa, independentemente do petista contra o qual dispute. "Estamos bem na foto". Por orientação do PMDB nacional e do diretório mineiro, o partido irá às eleições estaduais em uma aliança, preferencialmente com o PT.

Segundo um pemedebista, as conversas com Patrus Ananias, tendo como interlocutores o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci e o vice-presidente José Alencar, têm sido boas - embora outros petistas mineiros sejam contra - e ele dá sinais de que aceita um acordo para sair da disputa. Para Alencar, as eleições estaduais devem buscar, ao máximo, reproduzir as alianças que se formaram para apoiar o governo Lula.

O empecilho seria Pimentel, que, em público, tem dito que é cedo para falar em alianças, contrariando as orientações do próprio Planalto. Em privado, despreza um acordo. Petistas ligados ao ex-prefeito afirmam, ironicamente: "Querem acordo? Tudo bem. Convençam o PMDB de Orestes Quércia a apoiar um dos nossos em São Paulo que abrimos mão aqui em nome de um pemedebista", disse um aliado do ex-prefeito, dando a dimensão das dificuldades que serão encontradas.

O PMDB colocou suas cartas na mesa. O plano A é convencer o PT a ceder o vice na chapa de Hélio Costa, que deverá mesmo concorrer ao governo. Nesse caso, o PMDB não disputaria o Senado, apoiando o candidato petista (Patrus). Se não der certo com o PT, a ideia é dar o vice ao PSDB, graças às ótimas relações do partido com o governador Aécio Neves.

O grande problema, diz Hélio Costa, é que o PT acredita que terá dois palanques em Minas: o de Dilma - ou qualquer outro candidato do governo - e o do PMDB. "Isso não existe", afirma Costa. Segundo ele, o PSDB tem sido muito menos intransigente do que o PT para fazer essa composição. Há ainda um terceiro cenário, se surgir uma dificuldade imprevista nas eleições para o Palácio da Liberdade. O PSDB lideraria a chapa para o governo (com Antonio Anastasia, vice de Aécio) e o PMDB indicaria o vice. Aécio e Hélio Costa saem para o Senado, inviabilizando qualquer candidatura do PT.

Uma corrente do PMDB começa a trocar informações sobre a possibilidade, também, de Costa ser o vice de Dilma, caso Aécio decida compor uma chapa puro sangue com o governador José Serra à Presidência da República. "Seria uma forma de diminuir o prejuízo de Dilma no Estado", afirma um correligionário de Costa.

Por enquanto, o ministro das Comunicações tem esperança de que Lula enquadre Pimentel e o convença a desistir da candidatura para fechar uma aliança. Uma forma de seduzi-lo seria lhe oferecer algum ministério num eventual governo Dilma Rousseff.