Título: Chineses compram 27% da MMX
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2009, Brasil, p. A4

O maior investimento no ramo de mineração e metalurgia já feito por uma empresa da China no Brasil foi anunciado ontem pela EBX, holding de Eike Batista, e a Wuhan Iron & Steel Company, à margem da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim. Eike Batista disse ao Valor que o pacote fica próximo dos US$ 4 bilhões. A Wuhan se comprometeu a investir US$ 3,5 bilhões na construção de uma siderúrgica no Porto de Açu no Rio de Janeiro, com capacidade de produção de 5 milhões de toneladas por ano, equivalente ao tamanho atual da CSN.

Como o custo do projeto é estimado em US$ 5 bilhões, significa que a companhia chinesa terá 70% da siderúrgica, a ser financiado pelo Banco de Desenvolvimento da China, o BNDES chinês. Além disso, a Wuhan adquiriu porcentagem de 27% na MMX, empresa que faz parte do grupo de Batista, cuja holding é a EBX. E a empresa chinesa se comprometeu a comprar toda a produção da siderúrgica da qual sera sócia majoritária.

Em nota, as companhias controladas por Batista confirmaram a assinatura de "Memorando de Entendimentos com a Wuhan Iron and Steel Co. (Wisco) estabelecendo os principais termos de uma potencial parceria comercial e estratégica". A nota relaciona como partes do "potencial negócio" a planta siderúrgica e o contrato de longo prazo.

Esse contrato, segundo o empresário brasileiro, significará venda garantida de US$ 2 bilhões por ano quando a siderúrgica produzir em plena capacidade em 2012. O projeto será iniciado em breve. A Wuhan abocanha um pedaço da mina, mas não vai entrar no porto de Açu. O acordo, do lado brasileiro, teve a consultoria do Credit Suisse e do Itaú.

"O que fizemos foi colocar o comprador como o sócio minoritário [da MMX] que vai adquirir toda a produção", explicou Batista, após assinar o contrato com o presidente da Wuhan, Deng Qilin. "O que achei mais fantástico foi convencer os chineses, e eles terem entendido, que o Brasil vai ter um grande mercado para chapas para a indústria naval e petrolífera", acrescentou. A ideia é usar esse tipo de chapa - atualmente produzido apenas pela Usiminas - no estaleiro que o grupo quer construir em Santa Catarina. Batista refutou a avaliação de que o negócio decorreu das perdas do grupo no ano passado. "A vida continua e o que fizemos foi desenhar um novo modelo para os ativos da MMX."

O acordo com os chineses é ainda mais importante, na sua visão, porque o Brasil e a China estao avantajados na economia mundial, pelo potencial de crescimento. Batista avalia que o Brasil vai precisar aumentar o consumo per capita de aço. "Consumo de 32 milhões de toneladas é uma brincadeira, era para ser 100 milhões de toneladas" afirmou.

Ele qualificou de "fantástica" o tipo de visita que o presidente Lula fez no exterior, mostrando que o país está aberto ao capital externo. "O resto é o empresário que tem de ir a luta", disse. O empresário planeja voltar à China no fim de junho com o governador do Rio, Sergio Cabral, para atrair empresas a se instalarem perto do porto de Açu.

Ao mesmo tempo, disse que vai "rodar o mundo" para captar US$ 10 bilhões nos próximos 90 dias para um fundo de infraestrutura no Brasil. O dinheiro cobrirá necessidades de US$ 20 bilhões nos projetos de petróleo do grupo.