Título: Caixa vai reduzir taxas, diz presidente
Autor: Rosas , Rafael
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2009, Finanças, p. C1

A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, afirmou que as taxas de juros da instituição vão continuar caindo ao longo do ano. Segundo ela, em 2009, a Caixa já diminuiu os juros cinco vezes. "As taxas vão continuar caindo, com a redução dos spreads", garantiu, ao participar ontem do 21º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos.

A executiva, assim como o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, sublinharam a ação dos bancos públicos brasileiros durante a crise e apontaram que, desde o início das turbulências globais bancos públicos brasileiros garantiram recursos suficientes para suprir a demanda por crédito.

Nesse sentido, notou Maria Fernanda, o volume de crédito concedido pelas instituições públicas subiu 11% enquanto, no setor privado, houve queda na oferta. "A crise encontrou o país com uma situação bem diferente de outros países no mundo, com três grandes instituições públicas nacionais, além de bancos públicos regionais atuando", disse Maria Fernanda. "Somos um banco 100% público e que tem buscado se firmar com essa perspectiva."

Coutinho também afirmou, durante palestra sobre o papel do BNDES, que os bancos públicos sustentaram o crédito após a crise. De acordo com dados apresentados pelo presidente do banco de fomento, se fosse fixada uma base 100 em setembro do ano passado, a evolução do crédito bancário relativo aos bancos privados estaria em 102,1 em março deste ano, enquanto os bancos públicos estariam em 118,3. "Cerca de 85% do aumento do crédito foi oferecido pelo sistema público", disse Coutinho. A contribuição do BNDES à variação no período - de setembro de 2008 a março de 2009 - foi de 34%. De acordo com ele o BNDES deve alcançar cerca de R$ 100 bilhões em desembolsos no período de doze meses encerrado em meados desse ano.

A presidente da Caixa também observou que, nos últimos 12 meses houve um crescimento de 52,2% no crédito global da Caixa, levando em conta os três segmentos: pessoa física, pessoa jurídica e habitacional.

Ela lembrou que, no segmento de pessoas jurídicas, apesar de a Caixa ter tido sempre atuação forte junto a pequenas e médias empresas, do início da crise para cá, já foram feitas contratações de cerca de R$ 30 bilhões só em operações que envolvem mais de R$ 100 milhões.

"Causou certa surpresa a Caixa passar a operar com grandes instituições, mas o que temos observado é que essa atuação nossa, do BB e do BNDES é que tem garantido uma segurança para que o empresário não se sinta sem alternativa", disse. "Mas em nenhum momento deixamos de operar também com o segmento prioritário para nós, que são as micro e pequenas empresas."

Maria Fernanda voltou a dizer também que, só para o crédito habitacional, o banco desembolsou R$ 10 bilhões entre janeiro e abril, 64% a mais do que no ano passado. Ela também destacou a criação do programa Minha Casa Minha Vida. "Concilia a necessidade de moradia do cidadão com todo o estímulo do setor privado para que ele possa responder a esse desafio", afirmou.

* Valor Online