Título: Em Brasília, Aécio reforça coro contra estatal
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 21/05/2009, Política, p. A7

O governador de Minas, Aécio Neves, vai hoje ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, reclamar da resistência do governo em repassar a Estados e Municípios R$ 1,3 bilhão derivados da Lei Kandir, e das perdas com a Cide decorrentes da manobra contábil feita pela Petrobras para pagar menos impostos. Vai levar também um pleito dos cafeicultores mineiros, que perderam competitividade com a crise internacional. "Eles estão sem capacidade de investimento após a queda no preço das commodities no mercado externo".

Aécio não escondeu a irritação com a estratégia da Petrobras - um dos principais pontos que serão investigados na CPI a ser instalada no Senado -que, utilizando um artifício contábil legal, deixou de pagar R$ 4 bilhões de Imposto de Renda, o que acabou afetando o pagamento de outros tributos federais, como a Cide, repassada a estados e municípios. "Isto tirou de nossos caixas mais de 90% dos recursos utilizados na pavimentação das estradas, prejudicando os usuários de nossas rodovias", criticou o tucano.

Em relação à Lei Kandir, o governador de Minas reclamou que havia um acordo firmado com o governo federal de que, havendo aumento na arrecadação de tributos, os estados receberiam R$ 1,3 bilhão da Lei Kandir, que beneficia as unidades da federação que tem na exportação um dos pilares da economia. "A arrecadação aumentou quase 15%, mas o repasse não foi feito".

Aécio chegou a Brasília no meio da tarde de ontem. O primeiro compromisso público foi com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, do DEM. Discutiram a possibilidade de uma sociedade entre a CEMIG e a CEB, mas trocaram afagos públicos. "Muitas de nossas ações no governo mineiro estão sendo implantadas aqui no Distrito Federal, especialmente a modernização da gestão. Tanto aqui quanto em Minas estamos mostrando que não existe dicotomia entre gestão eficiente do dinheiro públicos e ações sociais", completou o governador mineiro.

Arruda, que já foi líder do governo no Senado, pelo PSDB, durante a gestão de Fernando Henrique, admitiu que copia modelos de gestão implementados pelo colega mineiro. "Sempre que ele vem aqui eu tiro uma casquinha, em busca de informações sobre ações exitosas da administração mineira. Aécio tem uma visão de gestão muito boa".

Depois da audiência com Mantega, Aécio vai ao Senado, conversar com senadores sobre a conjuntura nacional e as eleições de 2010.