Título: Lucro da Gol triplica e vai a R$ 317 milhões em 2004
Autor: Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 09/03/2005, Empresas &, p. B4

A companhia aérea de baixo custo Gol quase triplicou seu lucro no ano passado, elevando-o de R$ 113,0 milhões, em 2003, para R$ 317,5 milhões. Esse é o número da companhia elaborado segundo as regras contábeis brasileiras. A Gol, no entanto, optou por privilegiar a divulgação de resultados segundo as regras americanas, o chamado US Gaap, além de fazer comentários exclusivamente de acordo com essa versão dos números (ver texto ao lado). Ainda segundo as regras brasileiras, a receita líquida da Gol avançou 40%, para R$ 1,96 bilhão. Seus custos operacionais cresceram 27,4% e atingiram R$ 1,49 bilhão. Com essa diferença entre o aumento de receitas operacionais e o de despesas, o seu resultado operacional deu um salto de 103,4% e fechou o ano em R$ 471 milhões. O item de custo que mais subiu foi o de combustíveis e lubrificantes, que aumentou 31,1% para R$ 468,2 milhões. No quarto trimestre do ano, o lucro líquido da aérea aumentou 179%, para R$ 114 milhões. Sua receita líquida foi de R$ 601,8 milhões, 36,4% superior à registrada no mesmo trimestre de 2003. O resultado operacional (receitas menos despesas operacionais) no quarto trimestre foi de R$ 158,8 milhões. A Gol continua apresentando margens operacionais bastante superiores às de outras companhias de baixo custo americanas e européias. O indicador mais usado pelo setor, o resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação, amortização e despesas com leasing de aviões (ebitdar) ficou em R$ 241 milhões no quarto trimestre em US Gaap. Sua margem ebitdar sobre a receita líquida no trimestre foi de 38,7%, idêntica à do mesmo período de 2003. No ano, a margem ebitdar da Gol foi de 40,4%, enquanto a irlandesa Ryanair registrou 33,7% e as americanas Southwest e JetBlue ficaram com 17,8% e 20,5%, respectivamente. "Para 2005, deverá haver uma ligeira redução de margem, em função da diminuição de nossos de preços", disse Constantino de Oliveira Junior, presidente da Gol. As projeções da empresa são de uma margem ebitdar neste ano entre 38% e 40%. A companhia aproveitou a divulgação de resultados para comunicar que receberá sete novos aviões até junho, elevando o tamanho da frota para 36 aeronaves. A previsão anterior de frota para o ano indicava 33 unidades. Esses sete aviões serão alugados (leasing operacional). Com esse incremento, Oliveira Junior acredita que a participação de mercado da Gol poderá estar entre 27% e 30% no fim do ano. Atualmente, está em cerca de 24%. Esses contratos de leasing não têm relação com a compra de 26 aviões da Boeing. Os aviões comprados começam a ser entregues apenas em 2006 e irão substituir a frota alugada. No total, entre os 26 pedidos firmes e as opções de compra, a Gol tem uma carteira de pedidos de 63 aviões junto à fabricante americana. É justamente o número de aeronaves que a companhia planeja ter em operação em 2009. A Gol começará a voar para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em maio. Será um vôo diário, a partir de Campo Grande (MS). Em dezembro a companhia iniciou sua atividade internacional, voando para Buenos Aires. "Recentemente pedimos ao DAC autorização para voar para Montevidéu (Uruguai) e Assunção (Paraguai)."