Título: Comando da CPI depende de acordo entre PT e PMDB
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 27/05/2009, Política, p. A6

Sem acordo entre PT e PMDB, a base governista ainda não definiu quais serão os parlamentares que assumirão a presidência e a relatoria da CPI da Petrobras. O PMDB deve ficar com a relatoria, cargo mais importante da comissão de inquérito, e o PT, com a presidência. Descontente com a decisão do governo de controlar a investigação, a oposição promete obstruir votações no Senado.

Ontem foi o último dia para os partidos indicarem seus representantes para a comissão. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), disse que usaria "até o último minuto" para negociar os indicados. Até o fechamento desta edição, nem PMDB nem PT haviam divulgado seus representantes.

Na disputa pela definição dos integrantes da CPI, ficou clara a fissura na base governista, com a falta de entendimento entre o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o líder do governo, o pemedebista Romero Jucá (RR). Mercadante, que havia se colocado à disposição para integrar a CPI, deverá ficar de fora. Ontem, ele esperava a divulgação de Renan Calheiros para só depois indicar os nomes do partido. Esperava também reunir-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para avisá-lo dos nomes indicados. Lula, entretanto, estava na Bahia. Os dois conversaram por telefone, mas o encontro só deve acontecer hoje pela manhã (ver matéria ao lado).

Renan defendeu o controle da CPI nas mãos do governo como um "direito da maioria". Ele disse que "o melhor era um acordo com a oposição", mas não sabia "se seria possível". O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), atacou os governistas e, em coro com os tucanos, disse que a oposição obstruirá votações importantes, como a medida provisória que cria o Fundo Soberano do Brasil, a que autoriza a União a emprestar R$ 100 bilhões ao BNDES e a que regulamenta o novo piso do salário mínimo.

Para a relatoria os mais cotados são Romero Jucá (RR), o senador Valdir Raupp (RO) e Neuto de Conto (SC). O PT deve indicar um nome para a presidência e o mais provável é o da líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (SC), mas está cotado também João Pedro (AM).

Dos 11 integrantes da CPI, o PMDB tem direito a três vagas titulares e a dois suplentes. Os cotados eram, além de Jucá, Raupp e Couto, Paulo Duque (RJ), Leomar Quintanilha (TO), Valter Pereira (MS) e Almeida Lima (SE). O bloco de apoio ao governo, composto por PT, PR, PSB, PCdoB e PRB, tem direito a três titulares e dois suplentes, e os nomes com mais chance eram os de Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Delcídio Amaral (PT-MS).

Com a possibilidade de o governo controlar a CPI, os senadores do PSDB e do DEM definiram que os tucanos ficarão com duas das três vagas titulares. Devem ser indicados Álvaro Dias (PSDB-PR), Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Antonio Carlos Magalhães Jr (DEM-BA). Como suplentes, Heráclito Fortes (DEM-PI) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

PTB e PDT haviam registrado suas indicações: pelo PTB, o titular será o ex-presidente Fernando Collor (AL) e o suplente, o líder do partido, Gim Argello (DF); o PDT escolheu Jefferson Praia (AM). Hoje os líderes partidários negociarão quem será o relator e o presidente da CPI.