Título: Produção de não duráveis cresce 3,7%
Autor: Vera Saavedra Du
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2005, Brasil, p. A3

O setor de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (como alimentos, medicamentos e vestuário) liderou a produção industrial de janeiro, confirmando tendência, já detectada no resultado do PIB de 2004, de a demanda interna surgir como motor do crescimento da economia este ano. O segmento, que depende menos de crédito e mais da massa salarial , foi o único a mostrar crescimento na comparação com dezembro (3,7%). O grupo avança pela terceira vez consecutiva , na comparação com o mês imediatamente anterior, acumulando crescimento de 7,4% entre outubro do ano passado e janeiro deste ano. A produção total da indústria em janeiro caiu 0,5% frente a dezembro, na série livre de influências sazonais, informou o IBGE. Em relação a janeiro de 2004, o crescimento foi de 6%. A taxa anualizada, ou seja, o indicador acumulado em 12 meses, prossegue trajetória ascendente: ficou em 8,5% em janeiro, a maior marca desde julho de 95, que foi de 10%. A queda entre dezembro e janeiro ocorreu, principalmente, na área de bens de consumo duráveis (como automóveis), que teve queda de 4,3%, após crescer 2,8% entre novembro e dezembro. Outros setores em declínio em janeiro foram bens de capital (máquinas e equipamentos), que caiu 1,5%, após crescer 1,7% em dezembro; e o setor de bens intermediários, que ficam no meio da cadeia produtiva e servem de insumos para os bens finais, que recuou 1,4%, após registrar taxa de 1,2% em dezembro. Silvio Salles, coordenador da Pesquisa Mensal da Indústria (PIM) do IBGE, interpreta o recuo da produção industrial na margem como uma acomodação da indústria, depois de ter crescido 1,2% em dezembro. A expansão registrada nas demais bases de comparação foi possível no primeiro mês do ano, segundo ele, por causa da melhora do mercado interno, favorecido por uma ligeira recuperação da massa salarial do trabalhador desde o fim do ano passado. Em 2004, a massa salarial cresceu 3,5%. Sales destacou o resultado da média móvel trimestral, a seu ver um indicador que foge das comparações mensais. O resultado conjunto de novembro, dezembro e janeiro foi de menos 0,1%, mostrando estabilidade da produção industrial. Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que projeta um Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5% para o ano, com a demanda interna se expandindo 4,2%, e a demanda externa caindo 0,8% ( já que a contribuição das exportações líquidas seria negativa em razão da expansão de 10,2% das exportações e de 18,9% nas importações), a indústria, mesmo com um desempenho mais modesto no início do ano, deverá continuar liderando o crescimento da economia em 2005. A produção de bens de consumo em geral continuará tendo papel relevante nesse processo. A projeção de crescimento do Ipea para a produção industrial em 2005 é de 4,6%, com bens duráveis expandindo-se 4,6%, bens de capital, 5%, intermediários, 3,9% e não duráveis, 4,7%. O PIB trimestral do primeiro trimestre, ainda segundo o Ipea, deve crescer 0,8% na comparação com o último trimestre de 2004 e 4% em relação ao primeiro trimestre de 2004. As taxas projetadas são menores que as do ano passado, mas mantêm-se sustentáveis mesmo com a rigidez da política monetária, avalia a consultoria GRC Visão. Com base nos dados da produção de veículos, divulgados pela Anfavea (associação dos fabricantes de automóveis) referentes a fevereiro, que informa um crescimento de 15,7% sobre janeiro, a consultoria GRC Visão aposta numa nova alta da atividade das fábricas em fevereiro.