Título: Lula pede ao PMDB que indique nomes para três ministé
Autor: Raymundo Co
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2005, Política, p. A8
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu formalmente o processo de consultas da reforma ministério e pediu para o PMDB indicar nomes para três de quatro Pastas: Planejamento, Integração Nacional, Previdência e Comunicações. Lula estabeleceu condições: a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) entra na cota do partido e os nomes indicados devem ter o aval das bancadas. Os pemedebistas ficaram de voltar com os nomes ao Planalto às 10h da manhã de hoje. Ministros e líderes do PT pediram pressa ao presidente na conclusão da reforma. Argumentaram que a demora aprofunda as divisões internas do partido e causa tensão na relação entre os aliados. Mas, na conversa com o PMDB, Lula acenou com a possibilidade de deixar o anúncio oficial da reforma para a próxima semana, pois estaria encontrando dificuldades para compor o PT e para acertar o destino de Ciro Gomes - provavelmente o Ministério da Saúde. Um fato chamou a atenção dos pemedebistas: a ausência do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo. Mas o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, esteve presente à conversa. Além do PMDB, Lula conversou com dirigentes do PTB e com o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), novamente cotado para líder do governo na Câmara, na hipótese de a Coordenação Política do governo voltar para a Casa Civil de José Dirceu. Pela primeira vez, Lula fez um convite formal para o PMDB integrar a coligação do PT na disputa da reeleição em 2006. A eventualidade de um novo adiamento surpreendeu o PT. De acordo com dirigentes petistas, a demora está "se tornando insustentável" por acentuar os conflitos internos do partido, das siglas aliadas e de esgarçar as relações entre eles. Pelo menos três exemplos de efeitos maléficos da demora eram citados ontem pelos petistas: Primeiro: A exposição do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que prometera não se envolver nas articulações políticas e apareceu em reuniões dos ministros do PT para reforçar a posição da sigla. Segundo: O ministro Aldo Rebelo e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) anularam-se reciprocamente. O solução de um virar ministro e outro líder na Câmara ficou inviável com o bombardeio do PT sobre Aldo. Terceiro: O comando de José Genoino na presidência do PT passou a ser contestado. Já há articulações internas para sua substituição no final deste ano. O destino da articulação política do governo dividiu os integrantes do núcleo mais próximo de Lula. Palocci e o ministro da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, apóiam a retomada da coordenação pela Casa Civil. O secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, e o ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, posicionaram-se contrariamente. Em mais de uma ocasião, Palocci foi surpreendido tentando desmontar soluções arquitetadas dentro do PT para o Ministério do Planejamento. A pretexto de contentar o Rio de Janeiro, Genoino e Dirceu defenderam o nome de Jorge Bittar, candidato petistas derrotado na eleição para a prefeitura do Rio ano passado. Palocci prefere uma solução mais heterodoxa. Um empresário, por exemplo. Mas se a opção de Lula for por um parlamentar, seu preferido é o deputado Paulo Bernardo (PT-PR). A posição de Jorge Bittar ficou ainda mais frágil diante de um dos argumentos exibidos por seus aliados para a indicação: ele seria um "nome flexível", que eventualmente faz críticas à política econômica. Mas não é só no PT que a demora acirra os ânimos. No PMDB, por exemplo, o ministro da Previdência Social, Amir Lando, queixa-se de que foi deixado "na chuva" por Renan Calheiros. Sua substituição é dada como certa. No PP, sigla que pode ficar com as Comunicações, se inverteu o ânimo em relação ao ex-líder José Janene, antes o nome preferido da bancada. Lula acenou com a possibilidade de nomear Roseana Sarney (PFL-MA) para o Ministério das Cidades. Mas na cota partidária do PMDB. Ontem, Roseana tomou o café da manhã com José Dirceu. A situação causa tensão no PMDB, que quer manter duas Pastas, além de Roseana, que considera da "cota pessoal de José Sarney". Entre os ministros que alertaram Lula sobre as dificuldades provocadas pela demora esteve Gushiken. João Paulo Cunha está na mesma linha. Além de a demora ter complicado sua eventual indicação para a Coordenação Política, abriu a brecha para Aloizio Mercadante atrair adeptos à idéia de que o ex-presidente da Câmara deveria renunciar a sua candidatura ao governo de São Paulo, caso fosse para o ministério. Uma decisão que João Paulo não pretende tomar agora. Contrariado com o PT, Aldo Rebelo tem dito que prefere voltar à Câmara a ser compensado com outro ministério. Mas só pretende permanecer no cargo, se o presidente confirmá-lo em novas bases, com o efetivo comando das atribuições da Pasta, hoje ainda divididas com Dirceu, a colaboração do ministério e o apoio incondicional de Lula.