Título: Taxação da gasolina nos EUA é inviável, diz secretário
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Fonte: Valor Econômico, 29/05/2009, Especial, p. A14

O secretário de Energia dos EUA, Steven Chu, afirmou que embora o governo Barack Obama esteja empenhado em atuar para deter o processo de mudanças climáticas não há hoje clima político no país para forçar uma redução de consumo de gasolina por meio de aumento de impostos.

Antes de ser indicado para chefiar a pasta da Energia, Chu - prêmio Nobel de Física em 1997 - dizia que, se os EUA quisessem mesmo reduzir as emissões de carbono, o caminho seria o Congresso aprovar um aumento dos impostos sobre a gasolina, para um patamar semelhante ao da Europa. Mas em uma entrevista concedida esta semana ao "Financial Times", Chu disse: "Neste momento, para ser franco, isso não é politicamente viável".

Em Washington, alguns congressistas ainda duvidam que a mudança climática seja de fato um problema. Um número bem maior de políticos americanos defende que é possível reduzir as emissões sem o aumento de impostos.

A avaliação do secretário de Energia deve desapontar ambientalistas que acreditam que o único modo de forçar os americanos a mudarem os seus hábitos de consumo energético é por meio de elevação dos impostos.

Nos EUA, a carga tributária sobre a gasolina é muito menor que na Europa. Nos postos americanos, o preço da gasolina chega a ser um terço do preço praticado na Europa. Resultado: os americanos consomem per capita o dobro de gasolina que os europeus.

Mas Chu diz que mesmo sem aumento de impostos, os americanos terão de aprender a lidar com uma gasolina mais cara no futuro. "Mesmo sem levar em conta o que venha ser feito em termos de taxação, acredito que os preços do petróleo e do gás natural vão aumentar nas próximas décadas", disse. "Naturalmente, os preços vão subir por causa da questão fundamental de oferta e demanda."

A cotação do barril do petróleo já passou dos US$ 60. Em fevereiro, havia chegado a US$ 32,70. Segundo o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali Naimi, o mundo tem condições de absorver o petróleo ao preço de US$ 75 a US$ 80.

O Congresso está avaliando a criação de um sistema para limitar as emissões de carbono do país. A oposição argumenta que a proposta levaria a um aumento substancial nos preços da gasolina. O aumento dos preços deverá ser o principal entrave nas negociações da proposta quando o texto sair da Câmara dos Representantes (controlada pelo Partido Democrata de Obama) e chegar ao Senado (mais conservador) ainda este ano.

Chu afirma que o governo americano continua determinado a assumir uma posição de liderança nas negociações de um novo acordo climático programado para ser definido em dezembro numa reunião em Copenhague. E isso, segundo ele, não dependerá da posição assumida pela China e outros grandes países em desenvolvimento. "O presidente Obama já deixou claro que os EUA devem agir primeiro."