Título: Pesquisa espontânea traz empate entre Serra e Dilma
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2009, Política, p. A9

A pesquisa espontânea da CNT/Sensus, aquela em que os eleitores são ouvidos sobre sua intenção de voto sem serem apresentados a uma lista prévia de candidatos, traz empate entre os pré-candidatos do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra (5,7%) e do PT, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (5,4%). Esse questionário espontâeo é considerado um dos melhores termômetros dessa fase embrionária de campanha. Em sua versão de março, Serra tinha 8,8% e Dilma, 3,6%. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou de 16,2% para 26,2%.

Na pesquisa estimulada de intenção de voto, com a apresentação de nomes, Dilma foi a única pré-candidata que cresceu nos últimos três meses, avançando sobre os dois tucanos que pretendem entrar na disputa, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). Ambos registraram queda no desempenho.

Segundo pesquisa do Sensus, Dilma sobe sete pontos percentuais de março para maio, em disputa de primeiro turno com Serra. O tucano mantém a liderança, mas perde cinco pontos percentuais. Quando o adversário é Aécio, a ministra fica em primeiro lugar. O crescimento das intenções de voto em Dilma já tinha sido registrado pelo Datafolha, no domingo.

Na avaliação do coordenador da pesquisa e diretor do Sensus, Ricardo Guedes, Dilma começa a conquistar votos pessoais, que extrapolam o percentual de identificação partidária espontânea do PT no eleitorado nacional - 18%, de acordo com o Sensus. Segundo Guedes, o crescimento de Dilma deve-se à transferência de votos do presidente e à percepção do bom desempenho do governo na economia.

Para metade dos entrevistados, o governo está lidando adequadamente com a crise econômica. Em março, o percentual de otimistas era bem menor. A pesquisa mostra crescimento de sete pontos percentuais da avaliação positiva do governo. O desempenho pessoal de Lula também teve expressivo aumento.

A pesquisa CNT/Sensus não incluiu pergunta sobre a doença da ministra e, portanto, não avalia qual foi o efeito no eleitorado do anúncio de que ela sofre de um câncer no sistema linfático, em 25 de abril. Desde então, o fato vem sendo acompanhado pela imprensa. Dilma também tem viajado pelo país para participar de inaugurações e festas populares, além de ter aparecido com destaque na propaganda eleitoral gratuita do PT na televisão.

Na pesquisa CNT/Sensus Serra vence nos dois cenários em que aparece em lista estimulada como adversário de Dilma. Mas, em ambos, perde terreno.

Se, na disputa com Serra, Dilma apresenta crescimento de sete pontos percentuais em relação a março e fica em segundo, concorrendo com Aécio ela ganha oito pontos e vence a disputa, como na rodada de março. Heloísa Helena fica em terceiro.

O ministro Patrus Ananias, do Combate à Fome, também apresenta crescimento - mas em relação a pesquisa realizada em janeiro deste ano - quando apontado como o candidato do governo. Ele passa de 7% para 10%, ficando em terceiro lugar, atrás de Serra e Heloísa Helena.

Aécio Neves não vence em nenhum cenário apresentado como candidato do PSDB. Sua pior performance é quando disputa com Heloísa Helena e Ciro. O governador mineiro aparece em terceiro.

A pesquisa CNT/Sensus apresentou ao eleitor quatro opções de segundo turno. Quando Serra concorre com Dilma, ele vence com 49,7% (queda de mais de três pontos percentuais em relação a março). Dilma se mantém em segundo, mas sobe de 21,3% para 28,7%.

A pesquisa CNT/Sensus também incluiu o nível de conhecimento dos pré-candidatos. Serra é o mais conhecido: 94,9% dos entrevistados disseram que o conhecem ou já ouviram falar nele. O potencial de votos de Serra nesse universo, segundo a pesquisa, é de 63,2%.

Pela ampla exposição na mídia, o nível de conhecimento de Dilma é de 72% e seu potencial de voto foi avaliado em 54,6%. Aécio tem 65% de algum nível de conhecimento, segundo a CNT/Sensus, e seu potencial de voto ficou em 52,8%. No caso de Ciro Gomes, 86,4% do eleitorado o conhece ou já ouviu falar dele. Nesse universo, pode ter os votos de 50,4%.

O índice de rejeição de Dilma é o maior (32,4%), mas não é proibitivo segundo Guedes. Pelo histórico de pesquisas, o candidato que tem até 35% de rejeição está dentro do jogo político. A rejeição de Serra é de 25,9% e a de Aécio, 28,5%.

Ontem, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, fez uma avaliação distanciada sobre as pesquisas. "Pesquisa é uma coisa muito volátil. Tem muito sobe-e-desce. Não dá para achar que é bom nem que é ruim", afirmou, em São Paulo, onde participou da abertura do Ethanol Summit, evento organizado pela União das Indústria de Cana-de-Açúcar. Sobre o câncer linfático, a ministra disse que se sentir enfraquecida: "Contraditoriamente, eu me sinto mais de bem comigo mesma, me sinto mais capaz de resistir".

O governador de São Paulo, José Serra, presente no mesmo evento, disse achar cedo para fazer campanha. "Não estou em campanha e acho muito cedo para falar em campanha. Só sou candidato a governar bem o Estado de São Paulo". (Colaborou Patrick Cruz, de São Paulo)