Título: Ações de emergentes são as mais caras desde 2007
Autor: Lui , Patricia
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2009, EU & Investimentos, p. D2

O dinheiro que inundou os fundos de ações dos países em desenvolvimento durante as últimas quatro semanas - puxando o Índice MSCI de Mercados Emergentes para sua maior alta de oito meses - está enviando seu mais forte sinal de venda desde que os papéis alcançaram seu pico, em outubro de 2007.

A captação de recursos totalizaram US$ 12 bilhões, ou 3,5% dos ativos dos fundos de países emergentes. Este é o maior número desde que o índice MSCI, composto por 22 países, alcançou alta recorde há 19 meses, disse a EPFR Global, que monitora US$ 10 trilhões em investimentos no mundo inteiro. A única outra vez, desde 2001, que os fundos atraíram tanto dinheiro (em fevereiro de 2006), o índice do MSCI recuou 8,4% num período de quatro meses.

Esse comportamento sinaliza uma queda "iminente", depois que a alta de 3,8% do índice MSCI na segunda-feira puxou o desempenho do indicador para o recorde de 61% de fevereiro para cá, segundo Michael Hartnett, estrategista do Bank of America-Merrill Lynch, que previu as valorizações deste ano das ações de China, Brasil e Rússia. Uma recuperação mais lenta que o previsto da economia da China, o maior mercado emergente, pode desencadear um recuo, disse a RBC Capital Markets.

"Fluxos de fundos em seus extremos são indicadores contrários", disse Leo Grohowski, cogestor de cerca de US$ 132 bilhões como diretor de investimentos da BNY Mellon Wealth Management, sediada em Nova York. "Estamos esperando alguma consolidação."

A BlackRock, maior gestora de ativos com ações negociadas em bolsa dos Estados Unidos, e a Aberdeen Asset Management , a maior administradora de recursos independente da Escócia, também estão prevendo uma queda depois que a relação Preço/Lucro (P/L, indicador que dá uma ideia do prazo de retorno do investimento) do índice MSCI quase dobrou este ano. O indicador equivale atualmente a 15,2 vezes os lucros divulgados, o mais caro desde dezembro de 2007, segundo dados semanais reunidos pela "Bloomberg".

"Os investidores estão começando a por em dúvida a sustentabilidade da alta ou por quanto tempo mais essa alta muito acentuada pode continuar sem um retrocesso", disse Brad Durham, cofundador e diretor executivo da EPFR Global, sediada no estado americano de Massachusetts. "As avaliações não estão tão atraentes."

O índice MSCI caiu 48% no segundo semestre do ano passado, enquanto os bônus dos mercados emergentes recuaram 18%, e todas as principais moedas, com exceção do iuan chinês, perderam valor em relação ao dólar. Ontem, o MSCI de Mercados Emergentes registrou queda de 0,83%.