Título: Indústria de móveis aceita reduzir exportações em 35%
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Fonte: Valor Econômico, 05/06/2009, Brasil, p. A2

Os fabricantes de móveis de madeira brasileiros aceitaram redução de 35% das exportações para a Argentina, como resultado de uma negociação setorial concluída ontem. Com os móveis, já são quatro os setores em que brasileiros e argentinos acertaram uma redução voluntária de comércio em troca de maior agilidade na liberação de produtos, atrasados na alfândega devido ao licenciamento não automático de importação imposto pelo governo argentino a uma lista de mais de 600 produtos brasileiros. As negociações começaram em março, incentivadas pelos governos dos dois países. Mês passado chegaram a um acordo os setores de papel e celulose, leite em pó e baterias de automóveis.

O resultado das discussões entre os moveleiros é próximo ao que demandam os fabricantes de máquinas agrícolas, cuja próxima reunião está prevista para começar em julho, em São Paulo. Segundo José Maria Alustiza, presidente da Câmara Argentina de Fabricantes de Maquinaria Agrícola, os argentinos propuseram que o Brasil reduza as exportações de colheitadeiras e tratores entre 25% e 30%.

O ritmo de entendimento é baixo, admitia ontem à noite o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, em entrevista na sede da embaixada do Brasil, em Buenos Aires. "Minha experiência em negociações como essas é que duas ou três reuniões eram suficientes para se chegar a um acordo", afirmou Ramalho, referindo-se a outros períodos de crise no comércio bilateral, cerca de quatro anos atrás. Para ele, o reduzido numero de entendimentos reflete a forte queda do comércio, nada menos que US$ 4,4 bilhões no acumulado dos primeiros cinco meses de 2009 com o mesmo período de 2008, de US$ 12,2 bilhões para US$ 7,8 bilhões.

Hoje, vão se reunir os fabricantes de freios e embreagens para automóveis, eletrodomésticos da linha branca, confecções e calçados. Os representantes de produtores e indústrias de leite também estão na lista dos setores que se reúnem hoje, apenas para monitorar o acordo fechado há cerca de um mês, segundo o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rodrigo, Sant´Anna Alvim. O acordo fechado com os argentinos previa compromisso de preços mínimos de US$ 2,2 mil a tonelada do leite em pó vendido no Brasil e o estabelecimento de uma cota máxima de três mil toneladas por mês. (JR)