Título: Cresce temor por gripe suína na Argentina e no Chile
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Fonte: Valor Econômico, 05/06/2009, Internacional, p. A11

Às vésperas da temporada de férias de meio de ano, período importante para seus setores de turismo, Chile e Argentina enfrentam uma escalada nos casos de gripe suína. Os dois países estão adotando medidas excepcionais, entre elas adiantar as férias de verão ou suspender as aulas.

No Chile, onde ocorreu a primeira morte pela gripe na América do Sul, o ministro da Saúde, Álvaro Erazo, disse que há a possibilidade de suspender as aulas. "[A suspensão] é parte de uma discussão que temos de fazer", disse ele.

Ontem, havia 369 casos confirmados no país. Entretanto, as autoridades trabalham com a possibilidade de já haver quase 4 mil pessoas contaminadas. Segundo Carlos Pérez, infectologista da Universidade Católica do Chile e membro do grupo de especialistas que está assessorando a presidente Michelle Bachelet, para cada caso confirmado deve haver mais dez casos de contaminação.

Segundo Keiji Fukuda, diretor-geral-assistente da Organização Mundial de Saúde (OMS), o vírus está começando a se espalha no Chile, Reino Unido, Austrália, Japão e Espanha entre pessoas sem histórico de viagem e fora de escolas e outros ambientes de risco.

Na Argentina, onde ontem havia 147 casos confirmados, o ministro da Educação, Juan Carlos Tedesco, disse que o gabinete de crise instituído pela presidente Cristina Kirchner está discutindo adiantar as férias de inverno.

Nove colégios da área metropolitana de Buenos Aires foram fechados por causa de casos confirmados da gripe. Alunos, funcionários e professores estão sendo acompanhados pela vigilância sanitária. Duas escolas de La Plata também já estão fechadas por causa do aparecimento de casos entre seus alunos.

A imprensa argentina afirma que os casos de gente telefonando para o Ministério da Saúde pedindo informações cresceu tanto que teve de ser montada uma operação especial, com mais atendentes. Isso indica que há um temor generalizado de que a gripe se alastre descontroladamente.

Tedesco recomendou aos argentinos que, se puderem, adiem viagens aos EUA e ao México, onde estão os piores focos da doença.

No Paraguai, as autoridades já anunciaram que vão adiantar as férias escolares. O ministro da Educação paraguaio, Luis Alberto Riart, disse que as autoridades estão analisando um possível contágio num colégio em Assunção logo após uma aluna voltar de uma viagem à Argentina.

Mais de 1,5 mil policiais foram mobilizados para vigiar o jogo de sábado no estádio Defensores del Chaco, entre as seleções do Paraguai e do Chile, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. A Polícia tem ordem de não deixar entrar no estádio pessoas com sinais de gripe: tosse, espirros, olhos lacrimejantes ou nariz escorrendo.

O Paraguai tem cinco casos confirmados de gripe A/H1N1 e mais de uma dezena de suspeitos.

No Brasil, o Ministério da Saúde diz que não existem advertências específicas para quem viaja para os vizinhos mais afetados pela gripe nem restrições para essas viagens. Diz apenas que as pessoas devem prestar atenção às recomendações feitas pelas autoridades sanitárias de cada país.

O Gabinete Permanente de Emergências do ministério diz que a situação do Brasil é bem mais confortável do que a dos vizinhos sul-americanos. Ontem, divulgou uma atualização do número de casos confirmados no país: 28. Há outros 41 casos suspeitos.

São Paulo tem o maior número de casos confirmados, 12, seguido de Rio de Janeiro, com 7, e Santa Catarina, com 4. No mundo, a OMS diz que há quase 20 mil casos de contágio.

(Com agências internacionais)