Título: Banco alerta para novo excesso de otimismo global
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Fonte: Valor Econômico, 08/06/2009, Finanças, p. C3

O Banco de Compensações Internacionais (BIS) alerta para o excesso de otimismo dos que consideram que o pior da crise financeira e econômica já passou, notando que os principais indicadores econômicos se mantêm em níveis "extremamente baixos".

Em relatório trimestral sobre a evolução dos mercados, o banco constata que as "esperanças de estabilização" reavivam o apetite por riscos, refletido na forte alta das ações e das matérias-primas. A procura por ativos de emergentes é marcante. Entre fins de fevereiro e de maio, o índice de ações MSCI dos mercados emergentes aumentou 38%, superando de longe o índice de mercados desenvolvidos.

O relatório cita o caso do Brasil, com uma forte entrada em ações e títulos. Coreia do Sul e Polônia também registraram maior atração de capitais. Para o BIS, os investidores se mostram "mais sensíveis" aos primeiros sinais de uma "desaceleração da piora"" financeira e econômica, da intensificação da luta contra a crise e do anúncio de lucros acima das expectativas.

Dados sobre as três maiores economias do planeta - EUA, Alemanha e Japão - mostram que a recessão será profunda este ano, mas pelo menos há sinais de freada na queda. Apesar da retomada dos mercados, o BIS alerta que vários segmentos continuam bem distantes das condições de antes da falência do Lehman Brothers.

O BIS observa que, nos mercados de ações, os índices continuam entre 20% e 30% abaixo do nivel de meados de setembro. Nos mercados da dívida e de CDS (credit default swaps, contratos de derivativos contra calotes), as taxas de riscos continuam elevadas. Já o interbancário se recuperou.

O fluxo financeiro para os emergentes continua preocupante, como revelou na semana passada o Instituto de Finanças Internacionais (IFI). O BIS confirma que os bancos reduziram em US$ 282 bilhões seus empréstimos para os emergentes, num corte de 10%. Para a América Latina, a redução foi de US$ 46 bilhões.

O relatório revela ainda a reversão dos fluxos de capitais por meio dos bancos durante a crise. Antes das turbulências, os bancos facilitaram o fluxo procedente de regiões com superávits de capitais, como Ásia, Japão e produtores de petróleo para os EUA e Europa. Durante a crise, o fluxo se inverteu. (AM)