Título: Nossa Caixa começa hoje a distribuir 36 fundos do BB
Autor: Cotias, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 08/06/2009, EU & Investimentos, p. D2

Hoje, os clientes do Banco Nossa Caixa vão amanhecer com 36 novos fundos de investimentos distribuídos na rede da instituição. São carteiras do portfólio de produtos do Banco do Brasil administradas pela BB DTVM e que, com o processo de integração das estruturas dos bancos, chegam agora ao investidor de varejo e da segmentação de alta renda. Para um banco que tinha apenas 11 fundos na prateleira e com diversificação restrita - apenas um multimercado e um de ação - trata-se de uma verdadeira revolução. A expectativa é de que o patrimônio de R$ 8,2 bilhões de dezembro passado tenha um aumento de 42,7% até o fim do ano, alcançando R$ 11,7 bilhões.

Para o varejo, serão 25 fundos, sendo 18 de ações, incluindo carteiras setoriais (telecomunicações, consumo, bancos, siderurgia, etc), indexados ao Ibovespa ou ao IBrX, de "small caps" (de empresas de baixa capitalização), de dividendos, entre outros. A família de multimercados terá 3 portfólios para os perfis conservador, moderado e arrojado, e mesmo na categoria renda fixa, o banco vai sair do arroz-com-feijão dos atrelados ao CDI para ampliar a oferta com um fundo indexado a índice de preços. Haverá ainda dois fundos cambiais, um tendo como base o dólar e outro o euro, além de uma carteira de dívida externa.

A segmentação alta renda do Espaço Premium, por sua vez, terá acesso aos fundos do segmento Estilo do BB, com taxas de administração mais baixas: são 3 fundos de renda fixa, 4 multimercados (inclui uma carteira de "trade" e uma de arbitragem) e 3 de ações. No varejo massificado, as taxas de administração oscilam entre 1% e 4% ao ano.

"Usamos como filosofia a complementariedade, não tinha por que trazer carteiras de renda fixa tradicionais, o banco já contava com bons fundos, a ideia foi ampliar a grade que já existia", diz o diretor de Gestão de Recursos de Terceiros da Nossa Caixa, Aroldo Medeiros. O apelo ao grande público vem até pelo baixo valor de aplicação nas carteiras destinadas ao varejo. Todos os fundos de ações aceitarão cotistas com aportes a partir de R$ 200,00, enquanto o multimercado conservador, os cambiais e o de dívida externa a partir de R$ 1 mil. Os fundos mistos com perfis moderado e arrojado, de longo prazo, têm a barreira dos R$ 10 mil de investimento inicial, enquanto o renda fixa atrelado a preços, R$ 20 mil.

A ampliação da oferta de fundos, não mera coincidência, vem num momento em que o Brasil caminha para ter, pela primeira vez na história, um juro primário abaixo de dois dígitos - o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne amanhã e quarta-feira para decidir o destino da Selic, hoje em 10,25% ao ano -, o que tende a empurrar os investidores para a diversificação. "Mesmo no varejo encontramos diferentes perfis e é preciso ter produtos para atendê-los.", diz Medeiros.

Mesmo com a possibilidade de a taxa básica cair a 9,25% nesta semana e toda discussão sobre o aumento da competitividade da caderneta, o executivo vê potencial para atrair os poupadores da instituição para as suas carteiras. "Os fundos rendem 252 dias por ano e a caderneta apenas 12 vezes por ano, se o investidor resgata antes da data perde o mês inteiro." A base de poupadores no banco não é de se desprezar e, ao fim de março, reunia 3,9 milhões de contas.

E como ficam as taxas de administração com os juros sensivelmente mais baixos? Para Medeiros, já há um movimento de redução de custos em curso, mas ele acredita que mais do que olhar para isso, os investidores vão observar o retorno das carteiras. "Pode ter um fundo de renda fixa que cobra 2% de taxa de administração e que rende mais do aquele com custo de 0,5%, os gestores é que terão de ser mais ousados e inovar para conseguir resultados melhores."

Medeiros, junto com a nova diretoria da Nossa Caixa, empossados todos em março, empreenderam uma verdadeira "tour de force" para fazer a integração tecnológica nas agências, auto-atendimento e internet e permitir que tudo ficasse pronto em 80 dias. Ao assumir a diretoria de Gestão de Terceiros, o executivo tratou de fazer o mapeamento dos clientes e o primeiro diagnóstico foi que a relação clientes/cotistas era muito baixa, com poucos correntistas efetivamente investindo nos fundos disponíveis na instituição.