Título: Avaliação interna é de que CPI visa a atingir Dilma
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Fonte: Valor Econômico, 10/06/2009, Política, p. A6

Há quase dois meses no noticiário, a CPI da Petrobras, na opinião da área técnica da estatal, não terá qualquer consequência prática para a companhia, em função de um quadro corporativo altamente qualificado e máquina azeitada. O assunto também não gera preocupação e nem dúvidas, até o momento, entre analistas e investidores da companhia. "Não vai dar em nada, o único problema para a companhia é de imagem", avalia um funcionário de carreira da estatal que prevê também alguma dificuldade para a empresa dar respostas sobre denúncias tão genéricas como as que estão surgindo. O que a empresa vem repetindo é que existem 240 mil contratos em andamento e daí a dificuldade com relação ao que o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, chama de denúncias genéricas.

"Qualquer empresa do mundo pode ter irregularidade. É para apurar isso que existem auditores externos, a comissão de apuração e o Tribunal de Contas da União (TCU), sem contar os órgão de controle do mercado de capitais como a CVM e a SEC americana. E quando se descobriu alguma coisa, as pessoas foram demitidas", lembra a fonte do Valor, referindo-se à operação Águas Profundas, da Polícia Federal (PF), quando foram demitidos dois funcionários da Petrobras que haviam sido presos, um da comissão de licitações e um gerente de plataforma.

No primeiro escalão da empresa o que se avalia é que a CPI veio para desviar as atenções sobre o Congresso, que se encontrava sob críticas de empreguismo no Senado e sob investigação sobre gastos com passagens aéreas na Câmara. E a motivação de alguns políticos seria eleitoreira. No caso do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) o objetivo, ainda na avaliação dessas fontes, seria os holofotes para disputa do governo do Paraná e da parte do senador Tasso Jereissatti (PSDB - CE), o que se identifica é retaliação por causa da decisão da Petrobras de não levar adiante um contrato de fornecimento de gás a preços subsidiados para viabilizar o projeto de uma siderúrgica no Estado que teria se mostrado oneroso para a companhia.

A avaliação interna é de que, ao atacar a estatal e fazer uma devassa nos contratos da companhia, a oposição visa a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que preside o Conselho de Administração da Petrobras e é a candidata preferida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a eleição de 2010.

"Qualquer coisa que aparecer eles vão querer vincular com a Dima, tentando atacar a imagem dela de dama de ferro e boa gerente. Vão dizer que tudo aconteceu debaixo das saias dela", avalia um petista.

"A oposição não conseguiu encontrar um discurso próprio depois de seis anos chamando o Bolsa Família de Bolsa Esmola e agora querem ampliar o programa", avalia a fonte.

Sem discurso próprio, PSDB e DEM estariam em posição diferente do PMDB, que, desde o governo Fernando Collor (1990-1992), não tem candidato próprio à Presidência mas briga com o PT no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, na Bahia e em Minas em torno da eleição estadual. O PMDB tem o ministro Edison Lobão no Ministério de Minas e Energia, ao qual a Petrobras está subordinada, mas Lobão deve se afastar em março para disputar as eleições parlamentares.(C.S.)

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 10/06/2009 12:19