Título: IML inicia identificação de vítimas do voo 447
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 12/06/2009, Brasil, p. A2

Os peritos do Instituto Médico Legal (IML) de Recife iniciaram ontem o trabalho de identificação dos 16 primeiros corpos de vítimas do voo 447 da Air France, que chegaram à cidade, procedentes de Fernando de Noronha. Os profissionais responsáveis pelo trabalho não estabeleceram nenhum prazo para a conclusão das identificações. Mesmo porque, em alguns casos, pode acontecer de a identificação só ser possível por meio de exame de DNA, o que, neste caso, será feito no Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília.

O trabalho de reconhecimento das vítimas passa por três fases. A primeira fase, ainda em Fernando de Noronha, é de realização do processo de pré-identificação, inclusive com a retirada de material genético. Ou seja, os peritos tiram impressões digitais, fotografias dos corpos e procuram sinais, como acnes e tatuagens, por exemplo, que facilitem o trabalho.

De acordo com a assessoria da Polícia Federal, pode ocorrer de, nesta primeira fase, ser possível a identificação de algum corpo. Caso contrário, os corpos são encaminhados ao IML de Recife onde é realizada a autopsia. Se, mesmo assim, o trabalho não for conclusivo, as amostras do material genético são encaminhadas ao INC para exame de DNA.

Outros 25 corpos já resgatados e pré-identificados em Noronha são aguardados no IML de Recife para dar andamento ao processo de identificação. Em Recife foi montada uma força-tarefa para o processo de identificação. Profissionais franceses também participarão dos trabalhos.

A Aeronáutica informou ontem que 37 peças do voo 447 da Air France foram encontradas no Atlântico. Segundo a Aeronáutica, as peças serão encaminhadas para o porto de Recife e ficarão à disposição das equipes de investigação lideradas pela França, assim como outras peças que sejam, eventualmente, coletadas por embarcações de outros países que também participam das buscas. Uma embarcação francesa que participa dos trabalhos de busca e resgate aos ocupantes e destroços do voo 447 da Air France avistou mais corpos no Oceano Atlântico. Segundo os militares, o mau tempo prejudica a visibilidade na região que concentra a maior parte das buscas.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a operação de resgate dos destroços do avião da Air France trouxe ensinamentos para o país, entre eles a necessidade de uma base naval no Norte do país. "A base naval brasileira hoje é exclusivamente no Rio de Janeiro. Temos que estabelecer uma base no Norte", disse.

O ministro afirmou que ainda não sabe dizer o custo da operação. "Ainda não tenho esse custo. Como eu estou indo à França, pedi um levantamento aos nossos comandos da Marinha e da Aeronáutica. Já temos cerca de 100 horas de voo. Pedi também o número de milhas percorridas pelos navios. Na operação, contamos com 12 aeronaves, sendo dois helicópteros. O acerto que se tem é que, para o resgate de corpos, que são trazidos pelos navios da Marinha até 250 milhas de Fernando de Noronha e de lá são resgatados pelos helicópteros."