Título: PMDB resume-se à união de partidos regionais, diz Jobim
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Fonte: Valor Econômico, 12/06/2009, Política, p. A6
Depois de um embate fratricida com alguns dos principais caciques do PMDB em torno do fim dos cargos de confiança na Infraero, o ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB-RS), voltou à carga contra seu partido, que classificou como uma "grande coligação de partidos regionais, não é um partido nacional". De acordo com o ministro, que concedeu ontem uma entrevista para a Agência Brasil, desde a morte do deputado federal Ulysses Guimarâes (1916-1992) o PMDB não tem uma liderança nacional. "A direção nacional não dá determinação para as direções regionais", afirmou Jobim.
As relações entre o ministro da Defesa e as principais lideranças de seu partido começaram a se esgarçar em meados de abril, quando Jobim confirmou a decisão de demitir funcionários com cargo de confiança na Infraero. A empresa que administra os aeroportos brasileiros era um tradicional reduto do PMDB, que havia indicado a maior parte dos 96 funcionários que foram demitidos pela companhia. Apesar da grita de caciques como a dos senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), na época líder do governo no Senado, e do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), Jobim manteve as demissões dos apadrinhados na Infraero.
Como resultado direto do confronto, o PMDB deixou de apoiar o governo em uma série de questões importantes no Congresso. A principal delas foi a decisão do partido em apoiar a instalação da CPI da Petrobras. Na última semana Jobim anunciou que as demissões haviam sido encerradas, mas chamou os contratados para cargos de segurança de "jabutis no galho". "Jabuti não sobe em árvore, se está lá é porque alguém colocou", afirmou.
De acordo com o ministro, o sistema partidário atual está esgotado. Jobim afirmou que não existe um modelo ideal, mas sim modelos que funcionam em determinados momentos. Segundo o ministro a maior prova da falência do sistema partidário atual é o seu próprio partido. "O PMDB é o que mais elege deputados no país, mas não é um partido nacional, não tem líderes nacionais", afirmou Jobim à Agência Brasil.
Após ter passado pelos três poderes como parlamentar, presidente do STF e agora ministro da Defesa, Nelson Jobim afirmou que sua vida pública está encerrada e que não pretende se candidatar a mais nenhum cargo de natureza política. De acordo com ele, nem o ministério da Defesa estava em seus planos quando recebeu o convite para chefiá-lo. "Pode parecer mentira, mas não volto para a vida pública por uma simples razão: minha mulher não deixa".