Título: Movimento de cargas cresce nas rodovias
Autor: Teixeira, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 12/06/2009, Empresas, p. B7
O movimento de caminhões voltou a crescer nas estradas brasileiras em maio, com um aumento de 2,7% no fluxo de veículos em relação a abril. Segundo dados da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), levando em conta as oscilações sazonais, maio registrou o maior aumento no movimento de carga deste ano. Além de refletir uma melhora no ambiente econômico, o retorno dos caminhões às estradas deve ajudar no crescimento das receitas das concessionárias rodoviárias, prejudicadas desde o fim do ano passado pela redução no transporte de carga.
O índice ABCR registrou crescimento mais modesto na movimentação de veículos leves em maio, de 0,5%, sem repetir o índice de 1,4% de alta mensal obtido em abril. Mas o movimento de veículos leves foi menos abalado pela crise econômica do que o de caminhões, e manteve uma taxa de crescimento positivo se comparado com o mesmo mês do ano anterior, algo que não acontece com o fluxo de veículos de carga desde novembro do ano passado - com a exceção de um resultado positivo obtido em março.
A melhora no movimento de carga registrado pela ABCR já vinha sendo sentido desde o mês passado pelas empresas de logística. Na transportadora Atlas, o volume transportado aumentou 13% em maio com relação a abril, atingindo 45 mil toneladas. O presidente da empresa, Francisco Martin Megale, diz que maio foi o melhor resultado registrado este ano, mas o movimento ainda está longe de recuperar o pico de carga transportada em 2008. Pelos seus cálculos, entre novembro de 2008 e fevereiro de 2009 o volume transportado caiu 15%. "A queda é generalizada, em todos os segmentos e em todo o país", diz o presidente da empresa, especializada em cargas industrializadas, principalmente produtos farmacêuticos, eletroeletrônicos e autopeças, e com filiais em vários estados.
De acordo com o economista Juan Jensen, sócio da consultoria Tendências, responsável pelo índice ABCR, a oscilação no movimento rodoviário reflete bem o perfil da crise econômica. A crise atingiu principalmente a produção, refletindo-se na movimentação de carga, mas foi menos severa com o nível de emprego e renda, mais relacionado ao movimento de veículos leves. A recuperação da movimentação de veículos pesados pode ser, assim, vista como um reflexo da retomada da atividade produtiva.