Título: Kodak briga para ter a liderança em imagem digital
Autor: Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2005, Empresas &, p. B3
Errou quem previu a decadência do papel fotográfico com a ascensão da fotografia digital. As vendas de papel da Kodak, maior fabricante de produtos fotográficos do mundo, cresceram 12% no Brasil em 2004. O mercado brasileiro de papel fotográfico, de forma geral, também aumentou, mas em torno de 6%. "As pessoas tiram muito mais fotos com as câmeras digitais. Agora, elas também começam a adquirir o hábito de imprimí-las", afirma Flávio Gomes, diretor-geral de vendas e operações da divisão de fotografia da Kodak brasileira. No ano passado, as vendas de câmeras digitais da Kodak cresceram 242% no país e o número de cópias digitais feitas pela companhia aumentou 165%. O resultado mais expressivo foi obtido com o papel fotográfico para impressoras jato de tinta: as vendas da Kodak cresceram 289% em 2004. "Foi um ano para a Kodak como há muito não se via", diz Gomes. Sob o comando mundial de Daniel Carp, presidente-executivo da companhia, e de Antonio Perez, um ex-executivo da HP e atual chefe de operações do grupo, a gigante americana da fotografia decidiu sacudir a poeira e tentar recuperar, na era digital, o seu título de líder. "Muitos não acreditavam que a Kodak poderia se atualizar", diz Gomes. A prova, diz ele, está aí: no EUA, a Kodak tirou da Sony a liderança no mercado de câmeras digitais no quarto trimestre de 2004. A mesma postura vem sendo adotada pela subsidiária brasileira. Em 2004, a Kodak entrou firme no mercado de câmeras digitais no país, com a mesma pretensão de ameaçar a liderança da Sony, além de roubar mercado de outras grandes concorrentes, como Canon, Samsung e Olimpus. A Kodak lançou ainda, no fim do ano, a sua primeira impressora doméstica de fotos, menor do que uma caixa de sapatos. O produto custa nas lojas R$ 1,2 mil e usa papel térmico, também produzido pela Kodak. Segundo Gomes, 20% das fotos digitais já são impressas atualmente nos EUA e a previsão é de que esse percentual aumente a cada ano. "O crescimento da impressão das fotos digitais irá compensar a queda nas vendas de filmes fotográficos", prevê o executivo. No Brasil, porém, a empresa acredita que ainda resta muito chão para ser conquistado no mercado analógico, o que deve garantir sobrevida para os seus rolos de filmes. Enquanto nos países desenvolvidos a Kodak está se posicionando como uma companhia de imagem digital, a marca resolveu que não irá aposentar as câmeras convencionais nos países em desenvolvimento. Nessa lista estão o Brasil, China, Rússia e Índia. "Nesses países, a Kodak está atacando dos dois lados: o digital e o analógico", explica Gomes. No Brasil estima-se que apenas 35% dos lares tenham câmeras fotográficas, taxa parecida com a dos videocassetes. No fim do ano passado, a empresa lançou um programa agressivo para alavancar a venda de câmeras analógicas. A Kodak começou a financiar pequenos lojistas, dividindo o pagamento das câmeras convencionais em dez parcelas, que podem alcançar apenas R$ 5,9 por mês. A iniciativa deu certo. Em outubro, as vendas de câmeras cresceram 60% e, para 2005, a empresa prevê um aumento de 50% no volume vendido. Pela primeira vez desde 2001, o consumo de filmes cresceu, com um aumento de 2,1% em novembro e dezembro.