Título: Petróleo já acumula alta de 30% este ano
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2005, Empresas &, p. B5
A cotação do petróleo bruto já acumula uma alta de pouco mais de 30% este ano, no caso do tipo Brent, e de quase 25% no WTI. Ontem, os preços do petróleo continuaram subindo, mas em um ritmo bem menor. Colaborou para segurar o movimento de alta a divulgação dos estoques nos Estados Unidos, que subiram para o maior nível em 8 meses na última semana, de acordo com dados divulgados pela Administração de Informação de Energia. O barril do tipo Brent, comercializado em Londres e que serve de referência para os custos da Petrobras, subiu ontem 18 centavos de dólar, fechando em US$ 53,38, uma alta de 1,02%. No ano, o Brent acumula uma alta de 31,09%. A maior cotação do Brent foi atingida em 26 de outubro do ano passado, quando fechou em US$ 55,37. O WTI, negociado em Nova York, subiu ontem 18 centavos de dólar e fechou em US$ 54,77, alta de 0,33%. O barril do WTI já subiu 24,34% este ano, mas está abaixo do pico histórico de US$ 56,63 atingido nos dias 22 e 26 de outubro passado. Os estoques de petróleo nos Estados Unidos aumentaram em 3,2 milhões de barris na última semana, para 302,6 milhões. Desde julho os estoques não ultrapassavam os 300 milhões de barris. Já os estoques de gasolina recuaram em 200 mil para 224,3 milhões de barris. As reservas de derivados recuaram em 800 mil barris, atingindo 109,2 milhões. "O crescimento da demanda por petróleo está superando o crescimento da oferta e as pessoas precisam de gasolina para seus carros", diz Ian Henderson, do JP Morgan Fleming Natural Resources Fund de Londres. Apenas a "ignorância" poderia levar os investidores a venderem petróleo, porque "os preços vão subir para US$ 70 este ano", disse ele. "Os números dos estoques americanos não têm ditado os rumos do mercado", afirma Paul Goodhew, corretor do ABN AMRO em Londres. "No geral, temos um mercado que não se decide." O Departamento de Energia dos EUA divulgou o relatório semanal sobre os estoques de petróleo na manhã de ontem, em Washington. Em um boletim de perspectivas mensais divulgado na terça-feira, o Departamento de Energia disse que "apesar dos níveis absolutos relativamente altos dos estoques de gasolina", o número de dias de demanda que os estoques podem atender "vem caindo há mais de dois anos, sugerindo um aperto crescente para os mercados de gasolina no curto prazo". Expectativas de pressão na oferta levaram fundos de hedge e especuladores a fazerem na Bolsa de Nova York, na semana passada, suas maiores apostas na alta do petróleo desde junho, segundo a Commodity Futures Trading Commission dos Estados Unidos. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que produz cerca de 40% do petróleo mundial, se reúne no Irã, na próxima quarta-feira para discutir a produção e os preços. O grupo de 11 membros disse na semana passada que está comprometido com o atendimento das necessidades do mercado. No ano passado, a Opep aumentou a produção para o maior nível em 25 anos, perto de seu máximo, elevando os temores com a possibilidade de não conseguir produzir mais para compensar as interrupções na oferta. (Com São Paulo)