Título: Reservas líquidas atingem US$ 35 bi
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2005, Finanças, p. C1

As reservas internacionais líquidas chegaram anteontem à casa dos US$ 35 bilhões, segundo estimativas feitas com base em dados divulgados pelo Banco Central. É o volume mais alto já registrado no regime de câmbio flutuante, que foi adotado pelo país em janeiro de 1999. O BC só divulga com cerca de um mês de defasagem as reservas líquidas, que excluem empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e parte da carteira formada por títulos de emissão brasileira. Mas é possível chegar a valores bastante aproximados a partir das reservas internacionais brutas - divulgadas diariamente -, que anteontem chegaram a US$ 62,080 bilhões. O dado oficial mais recente das reservas líquidas é de janeiro, quando se encontravam em US$ 27,086 bilhões. A estimativa é que tenham atingido US$ 32 bilhões em fevereiro, e avançado outros US$ 3 bilhões nos primeiros oito dias de março. Dois fatores principais contribuem para a forte expansão das reservas. Um deles é a emissão pelo Tesouro Nacional de US$ 1 bilhão em bônus globais, anunciada em 28 de fevereiro, mas que só foi liquidada na última segunda-feira. O outro fator são as fortes compras de dólares no mercado de câmbio. Apenas nos dois primeiros dias úteis de março, as aquisições de dólares somaram pouco mais de US$ 700 milhões, como apontam os dados sobre a variação da base monetária divulgados ontem pelo BC. Quando a autoridade monetária compra dólares, injeta reais na economia, ampliando a base monetária. As reservas também sofreram o reforço, em março, da compra de dólares realizada pelo BC em 25 de fevereiro, estimada em cerca de US$ 1,2 bilhão. As compras de moeda estrangeira são liquidadas normalmente com dois dias úteis de defasagem, por isso aquisições feitas no final de um mês só entram nas reservas no início do mês seguinte. Depois do dia 3 de março, o BC seguiu com suas intervenções, mas ainda não há estatísticas disponíveis que permitam estimá-las. Apenas em novembro de 1998, quando o câmbio era fixo, o país teve reservas mais elevadas que agora - eram de US$ 40,523 bilhões. O volume mais baixo já registrado foi de US$ 13,001 bilhões, em abril de 2003, como reflexo da crise das eleições presidenciais. Desde novembro de 2004, quando o país aproveitou a farta liquidez para comprar dólares e intensificar a emissão de bônus soberanos, as reservas líquidas subiram de US$ 22,186 bilhões, para US$ 35 bilhões. (AR)