Título: Governador vai aos EUA em busca de verniz internacional
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Fonte: Valor Econômico, 14/03/2005, Política, p. A6
Percorrer países do primeiro mundo antes de uma campanha eleitoral é um procedimento padrão entre vários políticos que se elegeram ou se candidataram a presidente, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda nas campanhas anteriores à vitoriosa em 2002. A cena do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, abrindo o pregão da Bolsa de Nova York na quinta-feira teve o mesmo simbolismo: o de procurar demonstrar respeitabilidade e prestígio. Um traço diferenciou esta viagem internacional de outras feitas pelo governador de São Paulo: a disposição de Alckmin em amplificar a divulgação da sua presença nos Estados Unidos o máximo possível. Além de conceder entrevistas à imprensa brasileira nas três cidades pelas quais passou nos Estados Unidos, o governador ainda encontrou-se com jornalistas da agência de notícias "Bloomberg", em Nova York, e do diário "Miami Herald", na Flórida. Em sua passagem pelos Estados Unidos, o governador esquivou-se de falar na condição de presidenciável, mas criou todas as condições para que fosse tratado como tal. "A viagem não tem sentido político-eleitoral, mas é natural que as pessoas lembrem do governador de São Paulo como candidato", admitiu Alckmin. O governador evitou discutir em público o 2006 brasileiro, mas sondou o 2008 americano. Ao conversar, em português e espanhol, com o governador da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente dos EUA, George W. Bush, quis saber se o interlocutor era candidato a presidente. Lembrou que cinco dos últimos quatro presidentes nos Estados Unidos haviam sido governadores de Estado e que Jeb, como ele, não podia mais se reeleger. Insistiu, segundo relato de sua assessoria de imprensa, que a passagem pelo governo estadual era fundamental. O americano disse que não pensava no assunto. O governador da Flórida, ao lado da secretária de Estado, Condoleezza Rice, do senador pelo Arizona John McCain e do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, é um dos cotados para concorrer pelo Partido Republicano. Em paralelo à conversa política, os dois governadores acertaram uma atuação conjunta, no futuro, em terceiros mercados na venda de suco de laranja concentrado. A China foi citada por Bush como um objetivo. Flórida e São Paulo concentram 80% da produção mundial. Pelo plano esboçado, os dois governos vão fomentar a organização entre os produtores americanos e brasileiros. O objetivo oficial do périplo foi abrir caminho para as parcerias público-privadas (PPPs) que o Estado deseja começar ainda este mês: a implantação de material rodante para a linha 4 do metrô de São Paulo, um investimento de US$ 400 milhões; a duplicação da rodovia Tamoios, uma das ligações entre a região do Vale do Paraíba e o porto de São Sebastião; a construção de um segundo pier e a duplicação do acesso ao porto; e a manutenção da rodovia Carvalho Pinto/Ayrton Senna. A meta é realizar audiências públicas para todos no mês de abril e, na seqüência, publicar os editais. (CF)