Título: PT alia-se com pefelista para dividir base governista
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2005, Política, p. A6

O embate entre PT e PSDB em São Paulo será acirrado amanhã, dia da eleição do novo presidente da Assembléia Legislativa. O PFL, principal aliado do governo, lançou candidatura própria, com apoio do PT. Com receio de perder a presidência na Casa, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) antecipou o fim de sua viagem aos Estados Unidos para cuidar pessoalmente das articulações. Ontem, ele telefonou e recebeu deputados oposicionistas, na tentativa de angariar votos para seu candidato. O candidato do PSDB, deputado Edson Aparecido, passou o fim de semana com os líderes do PPS e PTB para tentar desarticular a candidatura do líder do PFL, Rodrigo Garcia. Para vencer, é preciso a maioria dos 94 parlamentares. O PT tem a maior bancada, com 23 deputados, seguido pelo PSDB, com 21 e do PFL, com 11. O presidente estadual do PFL, Cláudio Lembo, tenta colocar panos quentes no lançamento de Garcia à disputa: "Foi uma candidatura personalista. O PFL não concorda". Vice governador, Lembo critica a aproximação do PT ao PFL, marcados por posturas opostas. "O que me deixa amargurado é um eventual acordo com o PT. Somos adversários nacionalmente. É nossa linha em todo o país." Edson Aparecido corre contra o tempo para tentar convencer o maior número de deputados do PFL a desistirem da chapa de Garcia. "O PFL é aliado estratégico. Esteve ao nosso lado nos grandes embates das últimas eleições." Para um dos aliados de Aparecido, deputado Campos Machado, líder do PTB, a eleição tem dois grupos: "A divisão é entre os que estão contra o governador e os que estão a favor. É uma aliança com o propósito de atingir o governador". Em eleições passadas, houve um acordo prévio entre os deputados para que votassem no candidato do governo. Ao PT, caberiam cadeiras importantes na Mesa Diretora. Durante a articulação, o PSDB ofereceu ao PFL o principal cargo da Mesa, a primeira secretaria. Em contrapartida, o PT alçou a candidatura do líder do PFL. "É uma campanha articulada e orquestrada pelo PT", critica Machado. "O PT nacional está interferindo nesta eleição", diz Aparecido. Do lado petista, o líder da bancada, Cândido Vaccarezza, desmente qualquer interferência do governo federal e garante que a disputa será acirrada: "O chão vai tremer", brinca. A briga entre PT e PSDB marcou todas as disputas pela presidência do Legislativo neste ano. Na Câmara de São Paulo, o candidato do prefeito José Serra, Ricardo Montoro, foi derrotado pelo dissidente do PSDB, Roberto Tripoli, que teve o apoio da bancada petista. Na Câmara Federal, o PT perdeu a presidência para Severino Cavalcanti (PP), cuja candidatura contou com a articulação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.