Título: Estatal reduz preços para refinaria de Pernambuco
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 17/06/2009, Empresas, p. B9

Depois de ver o custo da refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), mais do que duplicar em relação à previsão inicial, a Petrobras afirma agora que, ao decidir refazer as licitações, já está conseguindo reduzir os preços. Inicialmente, a companhia havia estimado investir R$ 9 bilhões na refinaria, valor que foi elevado a R$ 23 bilhões depois de uma primeira bateria de licitações. Para tentar uma redução de gastos, a Petrobras decidiu lançar novos editais para cinco contratos, de um total de 12.

"Tivemos resultados muito bons na segunda rodada de licitações, com uma redução substancial de preços", disse Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da Petrobras. O valor só será divulgado em julho, quando o processo de avaliação das propostas se encerrar.

O diretor da estatal não quis, porém, estimar qual será o custo final da refinaria Abreu e Lima. Até o momento, os sete contratos já firmados somam R$ 3 bilhões. Entretanto, as maiores somas virão das licitações que estão sendo refeitas agora.

Por causa da necessidade de iniciar novamente as cotações dos contratos, o diretor da Petrobras afirmou que a inauguração da refinaria sofrerá um atraso de pelo menos seis meses, com a nova data estimada agora para março de 2011.

"Isso vai depender do que acontecerá daqui para a frente. Se novamente não encontrarmos preços dentro da média que pretendemos pagar, uma nova licitação será feita, o que poderá tomar mais tempo de novo", garantiu o executivo. Caso os valores superem as expectativas da Petrobras, a companhia avalia abrir a licitação para empresas estrangeiras, o que não é permitido hoje.

Além dos problemas com preços, a refinaria Abreu e Lima é um dos alvos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. O motivo dela ser incluída na CPI é porque contratos firmados entre a estatal e prestadores de serviços de terraplenagem receberam ressalvas do Tribunal de Contas da União (TCU). Em alguns casos, os auditores afirmam que o preço pago está superfaturado.

Para a companhia, entretanto, os processos não devem gerar problemas à sua imagem. "A Petrobras está extremamente tranquila em relação ao TCU. Não temos nessa obra nenhum superfaturamento", disse Costa.

Além da polêmica envolvendo as contratações, a construção da refinaria Abreu e Lima ainda segue sem a definição quanto a entrada da estatal venezuelana PDVSA no projeto. Desde 2005, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Hugo Chávez, da Venezuela, tentam firmar um acordo. Em maio, ambos se encontraram na Bahia para discutir o assunto, mas sem sucesso. Ficou estabelecido que dentro de 90 dias novas conversas aconteceriam para tentar encontrar uma saída para o impasse.

De acordo com Costa, três pontos emperram as negociações. Um deles é o preço do petróleo que seria comprado da Venezuela. O país não aceita apenas o valor internacional e quer adicionar um fator elaborado por técnicos venezuelanos, condição que o Brasil rejeita.

Outro obstáculo a ser superado é a forma de comercialização dos produtos feitos na refinaria. A Venezuela quer pegar parte dos derivados de petróleo, correspondente a sua participação na sociedade, e negociar sozinha no mercado. O Brasil defende vendas unificadas e que os parceiros dividiam os ganhos gerados pelos negócios. Por fim, ambos os países não chegam a um acordo sobre o valor a ser investido na refinaria.