Título: Exportação vai crescer 12% em 2005, diz Furlan
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2005, Brasil, p. A4
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, estimou ontem que as exportações brasileiras devem alcançar US$ 108 bilhões em 2005, o que significará crescimento de 12% ante 2004. Furlan acredita que, no critério de saldo acumulado em 12 meses, a meta traçada pelo governo Lula de exportar US$ 100 bilhões será atingida ainda no primeiro semestre. A previsões do Mdic estão na ponta mais otimista do mercado. Levantamento realizado pelo Valor com bancos e consultorias indica desde queda de 2,2% nas exportações em 2005, para US$ 92 bilhões, até alta de 10%, para US$ 106,2 bilhões. Alguns economistas duvidam que o país conseguirá superar a marca de US$ 100 bilhões em exportações esse ano. "Nosso ministério sempre colocou projeções mais otimistas que o mercado. E essas projeções foram alcançadas", disse Furlan durante entrevista coletiva em São Paulo. Para o ministro, "a diversificação de mercados e produtos fará com que as exportações continuem crescendo", apesar da desvalorização do dólar, do aumento dos custos das empresas e do menor crescimento do mercado mundial. Em 2004, 600 novos produtos foram acrescentados à pauta de exportação brasileira. Furlan também destacou os maiores embarques não-tradicionais, como Polônia (alta de 270,5%, para US$ 285 milhões), Síria (142,3%, para US$ 161 milhões) e Argélia (131%, para US$ 349 milhões). Furlan admite que dificilmente as variáveis que fizeram de 2004 um ano "excepcional" para as exportações estarão presentes neste ano. "As exportações vão crescer em um ritmo menor, porque a base de comparação é elevada. Além disso, houve bônus que não se repetem, como o acréscimo dos preços das commodities", disse. E, apesar do otimismo em relação a 2005, o ministro parece ter desistido de tomar um champagne com o presidente Lula para comemorar os US$ 100 bilhões de exportações. "Acho melhor eu tomar uma bebida dietética, porque estou de regime", brincou Furlan, ao ser questionado sobre qual seria a marca do champagne. Em 2004, o ritmo das exportações surpreendeu as previsões mais otimistas. No ano passado, as empresas brasileiras embarcaram o recorde US$ 96,475 bilhões, o que significa alta de 32% ante 2003, conforme dados divulgados ontem pelo Mdic. As importações também aumentaram em ritmo forte: 30% ante 2003, para US$ 62,779 bilhões. Esse desempenho garantiu ao país superávit de US$ 33,696 bilhões. Segundo Furlan, as exportações de dezembro vieram acima do previsto, totalizando US$ 9,194 bilhões, recorde para o período, 30,3% acima de dezembro de 2003 e 2% abaixo de novembro de 2004. Em valores, a expansão das exportações significou geração adicional de divisas de US$ 23,391 bilhões de 2003 para 2004, uma evolução inédita. A corrente de comércio brasileira atingiu US$ 159,2 bilhões em 2004, 31,2% acima da de 2003. Dessa forma, a participação do comércio exterior no PIB deve subir de 24,6% em 2003 para 26,6% em 2004. "Estamos nos aproximando da meta de ter uma corrente de comércio em 30% do PIB, o que mudará o patamar do risco-Brasil", disse Furlan. A meta do governo Lula é terminar o mandato, em 2006, com o risco-país em 200 pontos. Atualmente, esse indicador está abaixo de 400 pontos. Os manufaturados elevaram sua participação na pauta de exportações brasileira de 54,3% em 2003 para 54,9% em 2004. No ano passado, as exportações de manufaturas totalizaram US$ 52,9 bilhões, com alta de 33,5% ante 2003. As exportações de básicos e semimanufaturados também aumentaram, respectivamente, 34,7%, para US$ 28,5 bilhões e 22,7%, para US$ 13,4 bilhões. A categoria material de transporte foi a que mais contribuiu para o aumento das vendas externas em 2004. Foram US$ 16 bilhões exportados, alta de 50,9% ante 2003. Cresceram as exportações de aeronaves (68,6%), veículos de carga (67,4%), autopeças (31,6%) e automóveis (26,2%). Segundo Furlan, o setor automotivo perdeu rentabilidade com o aumento de matérias-primas, principalmente siderúrgicas. Por isso, o segmento deve ampliar as exportações em apenas 10% a 12% em 2005 Furlan acredita que as importações devem aumentar em ritmo mais forte que as exportações em 2005. Para o ministro, as compras externas do país devem subir entre 20% e 30%. "Com o PIB crescendo entre 4% e 5%, aumentará a demanda por matérias-primas e equipamentos", disse. Furlan acrescentou que o atual patamar do dólar deve favorecer a importação de bens de consumo. Em 2004, todas as categorias de importados registraram alta ante 2003: 56,6% para combustíveis, 29,7% para matérias-primas e intermediários, 23,9% para bens de consumo e 17,2% para bens de capital.