Título: País faz primeiro superávit com Argentina em 10 anos
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Fonte: Valor Econômico, 04/01/2005, Brasil, p. A4
O Brasil obteve superávit comercial de US$ 1,8 bilhão com a Argentina em 2004. É a primeira vez desde 1994 que o país vende mais do que importa do principal sócio do Mercosul. As exportações brasileiras para a Argentina atingiram US$ 7,37 bilhões no ano passado, o que significa alta de 61,7% em relação a 2003. Foi o maior crescimento em termos percentuais entre os principais destinos das exportações brasileiras. Já as importações brasileiras de produtos provenientes da Argentina aumentaram apenas 19,3%, para US$ 5,57 bilhões. Na classificação por país, a Argentina é o segundo principal destino dos produtos brasileiros e o segundo principal fornecedor. Essa inversão na balança comercial dos dois sócios do Mercosul provoca reclamações dos empresários argentinos. Sensível ao lobby, o governo da Argentina impôs barreiras aos produtos brasileiros, colocando em risco o futuro do Mercosul. "Estamos apenas recuperando o terreno perdido no mercado argentino na época da crise", justifica o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. "Entre 2000 e 2002, as exportações brasileiras para a Argentina tiveram uma queda fantástica de 70%. Em calçados, a baixa chegou a 98%", relata o ministro. Furlan acredita que, em 2005, devem diminuir os atritos entre os dois países, porque o crescimento da economia brasileira ampliará as oportunidades para os produtos argentinos. "As tensões serão atenuadas", disse. Também no critério por país, os Estados Unidos são o principal cliente e fornecedor do Brasil. O país importou US$ 11,5 bilhões dos americanos, alta de 18,4% em relação a 2003. Já as exportações de produtos brasileiros para os EUA aumentaram 20,4%, para US$ 20,3 bilhões. Furlan está preocupado com o mercado americano, porque os embarques cresceram abaixo da média. "Faremos um trabalho direto com os Estados Unidos. Já estão programados 92 eventos", disse. O desempenho das vendas brasileiras para a China também cresceu abaixo da média: 20%, para US$ 5,4 bilhões. No critério por bloco econômico, a União Européia foi o principal comprador de produtos brasileiros em 2004, adquirindo US$ 24,16 bilhões, alta de 30,9%. Os resultados foram influenciados pela alta dos preços das commodities e pela valorização do euro ante o dólar. (RL)