Título: Converteam prepara-se para o pré-sal
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 22/06/2009, Empresas, p. B7

A manutenção dos investimentos da Petrobras e da indústria de petróleo, em função da descoberta do pré-sal, começa a causar uma migração de empresas fornecedoras de serviços para minas e metalurgia para a área de óleo e gás. Antigo braço na área de energia da Alstom, a multinacional francesa Converteam, instalada em Betim (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, montou uma estrutura no Rio de Janeiro, interessada na licitação das 28 sondas que a Petrobras deverá fazer para a exploração do novo campo. A Converteam quer fornecer os componentes elétricos das novas peças.

Na hipótese de ganhar o contrato, a empresa deverá instalar uma fábrica de máquinas rotativas no Rio, um investimento potencial não revelado. O setor de mineração em Minas Gerais, que em 2008 respondeu pela quase totalidade dos R$ 116 milhões em encomendas que a Converteam teve no País, irá ficar em segundo plano, ainda que o novo presidente da empresa, o engenheiro químico João de Deus, afirme que a Converteam permanecerá instalada em Minas. "Não vamos perder foco nos nossos clientes tradicionais", disse.

A empresa tem atualmente pelo menos um contrato em vigor com a Petrobras, segundo informa em sua página em inglês na Internet. Foi a escolhida, este ano, para fazer a atualização do sistema de automação da plataforma P-23.

No primeiro quadrimestre, a indústria de bens de capital teve uma retração de 20% no faturamento, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). " Investimento pesado, hoje em dia, só existe para a indústria de óleo e gás", diz o diretor da área de comércio exterior da entidade, Nelson Delduque, que também é o presidente do Conselho de Siderurgia e Mineração das indústrias do ramo.

No caso da Converteam, a reversão das atividades para a área que pareça mais promissora é fácil, já que a empresa é especializada em conversão de energia. Sua linha de produtos internacionais abarca desde componentes de sondas de petróleo até torres de energia eólica, passando por sistemas de propulsão naval e equipamentos para a produção de aço. O grupo faturou ¿ 1 bilhão no ano passado, dos quais menos de 10% corresponderam ao Brasil. Recebeu encomendas de fontes variadas: 16% dos pedidos vieram da indústria naval, 13% da de petróleo e gás e outros 13% de geração de energia propriamente dita. A empresa não divulgou os seus resultados este ano, mas o volume de encomendas caiu em 2008 em relação a 2007, de ¿ 1,4 bilhão para ¿ 1,3 bilhão.