Título: Brasil trata agora de acertar agenda com os EUA
Autor: Leo , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2009, Brasil, p. A2
Menos de duas semanas após a reunião presidencial dos Bric, Brasil, Índia, China e Rússia, apontados como as futuras potências mundiais, o governo brasileiro começa a acertar sua agenda com o país de maior poder do planeta, os Estados Unidos. Na próxima semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, viaja a Washington, para reunir-se com o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner. Além de ouvir de Geithner a avaliação do governo Barack Obama sobre a crise financeira, Mantega quer acertar com ele uma agenda conjunta, para as Américas e para as instituições multilaterais.
Mantega mantém reserva, ainda, das propostas que pretende discutir com Geithner. Se provocado, certamente dirá que a equipe econômica do governo Lula não trabalha com alterações tão cedo na arquitetura monetária mundial, que mantém o dólar como principal moeda de reserva e referência nas transações do planeta.
As discussões mantidas pelos Bric sobre alternativas aos EUA, são tratadas, pela equipe do ministro, como discussões teóricas, validas como exercício acadêmico para cenários de longo prazo. A aposta da equipe econômica é na estabilização do dólar, principal moeda usada nas reservas internacionais do país.
Mantega quer recuperar o projeto que existiu no passado, de cooperação entre as equipes do Brasil e dos EUA, lançado logo após o primeiro encontro entre George W. Bush e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conhecido como "Group for Growth", a iniciativa deveria ter gerado projetos conjuntos de apoio a pequenas e médias empresas e incentivo ao aumento da produtividade e do crescimento econômico, mas afundou em discussões burocráticas de ações de pequeno alcance, segundo avaliação do ministério.
Na conversa com Geithner, que precede um encontro de ministros do G-20, as economias mais influentes, no segundo semestre, Mantega quer estabelecer uma agenda conjunta para as questões bilaterais, os temas multilaterais (como a crise e a nova arquitetura financeira mundial) e assuntos regionais - como o financiamento de empreendimentos e investimentos nas Américas.
O governo brasileiro acredita que ainda não há sinais de retomada sustentável da economia mundial, mas que é evidente o arrefecimento da crise. Sem melhorar, a situação, pelo menos, parou de piorar, acreditam os economistas do governo. Mantega quer checar essa impressão com o secretário do Tesouro americano, para saber quais as previsões do governo Obama em relação à retomada do crescimento e qual a avaliação sobre a saúde do sistema financeiro. Mantega pretende ainda alinhar sugestões para apoiar investimentos entre empresas americanas no mercado brasileiro e de brasileiras no mercado americano.