Título: PR monta estratégia para eleger cinco governadores em 2010
Autor: Grabois , Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2009, Política, p. A10
Com a quinta maior bancada na Câmara, o pouco conhecido PR (Partido da República) quer ganhar espaço em 2010 e tem a ambição de eleger cinco governadores. O partido começou a expansão ontem com a filiação do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, que deixou o PMDB no início deste mês e quer voltar ao cargo que ocupou até 2002. O PR foi criado com a dissolução do PL depois do envolvimento de alguns de seus parlamentares, como Valdemar Costa Neto e Sandro Mabel, no escândalo do mensalão, em 2005.
No Rio, as alianças do PR até o momento se restringem ao PRB, partido de Marcelo Crivella, senador que deve tentar a reeleição. Especula-se que Garotinho conseguirá atrair políticos do PMDB, principalmente os do interior, onde exerce maior influência junto com a mulher, a atual prefeita de Campos (RJ) e ex-governadora do Rio Rosinha Matheus. Ao lado do atual governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), o ex-governador será um segundo palanque no Estado para a candidata do governo, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência. "Tenho uma boa relação com ela, que vem da época do PDT, quando militamos juntos", disse Garotinho. "Desde que ela deseje, nosso palanque no Rio será o dela", afirmou. Segundo o Valor apurou, a entrada de Garotinho no PR contou com o apoio do presidente Lula Inácio Lula da Silva. Antigo desafeto do ex-governador, Lula teria relevado as desavenças em nome da candidatura de Dilma.
O PR é da base lulista, mas as alianças seguirão a lógica regional. "Coligações seguem a estratégia eleitoral, não a política. A prioridade serão os aliados, mas não se descarta acordo com a oposição, como em São Paulo, com o apoio a Gilberto Kassab, em 2008", disse o presidente da legenda, Sérgio Tamer.
No governo, o PR tem um representante do Ministério dos Transportes, o senador licenciado Alfredo Nascimento, também pré-candidato ao governo do Amazonas. Nascimento tem nas costas diversas denúncias envolvendo, por exemplo, compra de votos. É acusado ainda de usar CNPJ falso nas eleições de 2006, o que caracteriza abuso de poder econômico e uso de caixa dois.
Os planos do PR incluem ainda Espírito Santo, Tocantins e Rondônia. Na disputa capixaba, pretende lançar o senador Magno Malta, também alvo de denúncias. Em 2007, foi indiciado pela Polícia Federal por envolvimento na "máfia dos sanguessugas", que quase lhe custou o mandato. Malta foi absolvido depois de colocar assessor de seu gabinete no Conselho de Ética do Senado à época do processo de cassação.
No Tocantins, o nome do PR é o senador João Ribeiro, acusado de manter trabalhadores em condições análogas às de escravos. Ele responde por crime contra a ordem tributária e liberdade pessoal. Em Rondônia, outro senador, Expedito Júnior, deve se candidatar a governador pela legenda. O senador é acusado, junto com o governador de Rondônia, Ivo Cassol, de corrupção eleitoral e formação de quadrilha por envolvimento em esquema de compra de votos em 2006. A denúncia está no Supremo Tribunal Federal.
Garotinho também tem sua cota de denúncias. Está inelegível até 2009 por envolvimento em compra de votos. Foi ainda denunciado pelo ministério público por formação de quadrilha ao manter Álvaro Lins, acusado de lavagem de dinheiro, corrupção e facilitação de contrabando no comando da Polícia Civil. (*Valor Online )