Título: Azeredo busca reeleição e embaralha alianças em Minas
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 24/06/2009, Política, p. A11

Segunda maior figura dentro do PSDB em Minas Gerais, o senador, ex-governador e ex-presidente nacional do partido, Eduardo Azeredo, anunciou a sua disposição em se candidatar à reeleição ao Senado. A presença de Azeredo na chapa majoritária no próximo ano diminui o grau de liberdade do maior líder tucano no Estado - o governador mineiro Aécio Neves - para a montagem de alianças.

Caso não consiga ser candidato à Presidência da República em 2010, em função da disputa pela vaga com o governador de São Paulo, José Serra, haveria dificuldades para Aécio concorrer ao Senado e ainda bancar para a sua sucessão o vice-governador Antonio Junho Anastasia. Junto com Azeredo, seriam três os tucanos na chapa majoritária, que renova duas vagas para o Senado no próximo ano. Sobraria para negociar com aliados apenas a vaga de vice-governador.

"Este arranjo ficaria muito difícil, pela concentração de tucanos na chapa", comentou Azeredo, lembrando de outras possibilidades. "Em primeiro lugar, Aécio poderá ser o candidato a presidente. Caso não seja, não é um absurdo ser candidato a vice na chapa de Serra. Já existe a fórmula puro sangue em São Paulo e em Minas", afirmou, referindo-se ao fato de tanto em um Estado como em outro os vice-governadores serem tucanos. Aécio já descartou publicamente a possibilidade de concorrer a vice ao lado de Serra, alegando a necessidade do PSDB se abrir para alianças.

A outra possibilidade lembrada pelo tucano é a dele, Azeredo, sair candidato ao governo estadual, em função de sua boa posição nas pesquisas. "A minha pretensão é concorrer ao Senado novamente, mas, se necessário, posso vir a ser candidato a governador", disse, reconhecendo entretanto que o mais provável candidato tucano ao governo estadual deverá ser Anastasia.

Em pesquisa publicada no início do mês no jornal "O Tempo", encomendada pelo PSDB, Azeredo consegue entre 28% e 35% para governador, dependendo do candidato petista ao governo estadual. Com a inclusão do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, Azeredo aparece à frente do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Se o candidato petista for o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, Azeredo aparece atrás do pemedebista.

Azeredo disse ver mais dificuldades na possibilidade de uma aliança do PSDB mineiro com o PMDB para apoiar a candidatura de Hélio Costa ao governo estadual: "O retrospecto mostra que sempre estivemos em posições antagônicas. Não é impossível, mas existe uma dificuldade natural."

Em 1994, Azeredo e Costa se confrontaram pelo governo estadual, com vitória do tucano. Em 2002, Costa foi eleito senador na chapa de Newton Cardoso (PMDB) para o governo, enquanto Azeredo compôs com a candidatura de Aécio. No ano passado, o ministro apoiou a candidatura do deputado Leonardo Quintão (PMDB) para a Prefeitura de Belo Horizonte, enquanto Azeredo e Aécio apoiaram Márcio Lacerda (PSB), que foi eleito.

Para o senador tucano, a doença da virtual candidata do PT à Presidência, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, diminuiu a velocidade do processo de definição de candidaturas em todos os partidos, inclusive no PSDB. O partido só deve realizar uma prévia para a escolha do candidato presidencial em janeiro ou fevereiro do próximo ano, ainda que Serra tenha a preferência de boa parte da cúpula tucana e dianteira nas pesquisas. A definição do colégio eleitoral só será feita em outubro. "O que defendo é que o votante não seja meramente o filiado, mas um tucano com vida partidária, o que incluiria os detentores de mandato eletivo, os dirigentes partidários e os que se candidataram nas últimas eleições", propôs.