Título: DEM mantém aliança para 2010 a salvo e teme desgaste com crise
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Fonte: Valor Econômico, 26/06/2009, Política, p. A13

A aliança entre PSDB e DEM para a eleição presidencial, em 2010, não corre riscos, apesar da aproximação entre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e o Democratas, que garantiu ao pemedebista a eleição ao cargo em fevereiro e a manutenção do mesmo na última semana. No entanto, é mais um incidente na série de desentendimentos entre as duas legendas no Legislativo.

Na sucessão de denúncias contra Sarney, DEM e PTB, além do PMDB, articulam uma operação para tentar abafar as acusações contra o pemedebista. A defesa de Sarney reforça a diferença de postura dos dois partidos no Senado e indica mais um episódio em que o PSDB está mais próximo do PT do que do DEM na Casa. Heráclito Fortes (DEM-PI), primeiro-secretário da Casa, é um dos maiores defensores de Sarney na Casa. Ontem, depois de mais uma denúncia contra o pemedebista, Heráclito foi uma das únicas vozes no plenário a rebater as críticas e disse que mesmo que o pemedebista quisesse errar, "não teria tido tempo", por estar há quatro meses no cargo.

A aproximação do DEM com o PMDB e Sarney, segundo Heráclito, não significa que o partido está se distanciando nacionalmente do PSDB. "Aqui no Senado o apoio a Sarney não é uma questão partidária. É uma questão de sobrevivência da Casa." O PSDB reconhece o distanciamento com o DEM no Senado, mas reforça que as diferenças na Casa não serão projetadas em 2010 . "Os fatos aqui são maiores que as questões partidárias", disse Álvaro Dias (PSDB-PR).

Os tucanos têm feito discursos críticos a Sarney e ontem, em nota da bancada, pediram o afastamento do presidente do Senado de investigações de ex-diretores. O DEM, apesar de demonstrar apoio a Sarney, deve reunir sua Executiva na terça-feira para definir que postura manterá sobre as denúncias. O partido receia desgastar-se com a crise.

PSDB e DEM distanciaram-se na disputa pela presidência da Casa. Os tucanos apoiaram o petista Tião Viana (AC) e os senadores do DEM votaram em Sarney. Na indicação para a comissão de Infraestrutura, uma das mais importantes, nova divergência: o PSDB apoiou a indicação do PT, Ideli Salvatti (SC), e o DEM ajudou a eleger Fernando Collor (PTB-AL) para presidir a comissão. No debate sobre a CPI da Petrobras, senadores do PSDB e do DEM voltaram a se estranhar e discutiram em plenário.

PMDB, DEM e PTB são os principais partidos que dão sustentação a Sarney na presidência da Casa. O apoio dado pelo DEM a Sarney rendeu ao partido o comando - ainda que provisório - da diretoria-geral da Casa, com a indicação de Haroldo Tajra, ligado a Heráclito. O PTB, representado pelo corregedor Romeu Tuma (SP), também age nos bastidores para impedir que as denúncias tornem inviável o mandato do pemedebista. Tuma descarta o afastamento de Sarney e, em discursos frequentes, diz que a Casa está tomando todas as providências para acabar com as irregularidades. (CA)