Título: Funcionários abrem mão de salários para ajudar BA
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Fonte: Valor Econômico, 26/06/2009, Empresas, p. B4

A British Airways (BA), terceira maior companhia aérea da Europa, anunciou que quase 7 mil funcionários registraram-se no plano de cortes voluntários de salário para ajudar a companhia a lidar com o declínio na receita desencadeado pela crise mundial.

A economia chegará a até 10 milhões de libras esterlinas (US$ 16,3 milhões, de acordo com a cotação de ontem), segundo comunicado divulgado ontem pela companhia londrina. Cerca de 4 mil funcionários aceitaram uma licença não remunerada, enquanto 1,4 mil trabalharão em regime parcial e outros 800 em período integral, mas sem receber nada pelo período de uma a quatro semanas, informou uma porta-voz da companhia, Cathy West, por telefone.

"Esta resposta claramente mostra a substancial diferença que cada um pode fazer", afirmou o executivo-chefe da BA, Willie Walsh, no comunicado. Walsh, que ganha 735 mil libras por ano, havia afirmado em maio que trabalhará de graça no mês de julho.

A companhia, com 40 mil funcionários, busca reduzir custos depois de ter registrado prejuízo de 375 milhões de libras no ano encerrado em 31 de março. As perdas somadas de todas as empresas aéreas mundiais deverá chegar a US$ 9 bilhões este ano, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).

O programa "é útil, mas dado o tamanho do desafio enfrentado pela British Airways, claramente faltam mais cortes de custos caso ela queira compensar o declínio na receita", observou o analista Gert Zonneveld, da Panmure Gordon, em Londres, em entrevista por telefone. Sua recomendação para as ações da companhia é de "manter".

Os funcionários foram pressionados a aceitar os cortes salariais, de acordo com comunicado divulgado ontem pelo sindicato Unite. "Embora apoiemos formas de mitigar demissões, os trabalhadores receberam e-mails intimidadores de gerentes seniores que acreditamos terem pressionado o pessoal a se voluntariar", afirmou o porta-voz da Unite, Steve Turner. A Unite representa as comissárias de bordo e os funcionários administrativos nas negociações contratuais com a British Airways.

"Rejeitamos vigorosamente qualquer alegação de ameaça ou intimidação", afirmou Tony Cane, outro porta-voz da British Airways, por telefone. E acrescentou: "Não há absolutamente pressões sobre o pessoal para aceitar qualquer uma dessas opções não remuneradas". (Tradução de Sabino Ahumada)