Título: Eletrobrás descarta ter controle de Belo Monte
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 26/06/2009, Empresas, p. B9

O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, afirmou que a estatal não pretende ser majoritária no projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. Segundo ele, como ainda não houve aprovação para que a empresa faça licitações simplificadas, a melhor maneira de garantir a execução do projeto seria com participação minoritária da holding.

O leilão de Belo Monte foi autorizado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na terça-feira, e a expectativa é de que ele ocorra ainda este ano. "Seria muita pretensão de nossa parte colocar o suprimento de energia elétrica do país em risco, pela vontade de ser majoritário em um projeto dessa magnitude", disse Muniz Lopes, acrescentando que caberá, ao governo, decidir se as subsidiárias da Eletrobrás vão entrar como concorrentes no leilão, a exemplo do que aconteceu nas licitações das usinas de Santo Antonio e Jirau, no rio Madeira.

A autorização para que a Eletrobrás faça licitações simplificadas já foi chancelada pelo Congresso Nacional, mas depende ainda de sanção presidencial. Para Muniz Lopes, a adoção desse procedimento não trará problemas relacionados à transparência. "Não temos nenhuma preocupação em adotar o processo, dentro do que estabelecer a lei", garantiu o executivo.

O executivo minimizou ainda a intenção do governo paraguaio de criar uma empresa no Brasil para comercializar a energia gerada por Itaipu Binacional e que faz parte da cota do país vizinho. Atualmente, a energia não usada pelo Paraguai é revendida para a Eletrobrás.

Para o presidente da estatal brasileira, qualquer mudança no regime tem de estar de acordo com o tratado assinado entre os dois países. "Se a proposta não ferir o tratado, deve ser considerada. Mas eu não vejo como isso possa ocorrer", ponderou.

O presidente da Eletrobrás informou também que a estatal pretende entrar para o índice de sustentabilidade da Bolsa de Nova York até 2012.

Sobre os dividendos retidos e relativos à década de 70, que segundo o executivo chegam a cerca de R$ 10 bilhões, Muniz Lopes reiterou a intenção de realizar o pagamento o quanto antes. Ele afirmou que a empresa continua estudando uma forma de quitar esse débito.