Título: Discussão tem que sair da moral, diz Guerra
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 03/07/2009, Política, p. A7

O presidente nacional do PSDB, senador Sergio Guerra (PE), afirmou ontem que a discussão sobre o afastamento ou não do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) não pode ser levada para o terreno moral. "Chamar essa crise de José Sarney é uma simplificação. É evidente que há uma crise com José Sarney, mas há muitas crises por aí.", disse Guerra, para quem "a questão é que o presidente Sarney neste momento não está governando o Senado, como nós gostaríamos que ele governasse e isso cria uma situação que, de fato, tem que ser resolvida".

Guerra retira o foco da crise no Senado de Sarney um dia depois de divulgado que o presidente da Casa poderia renunciar ou licenciar-se, o que fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva radicalizar na defesa do aliado e afirmar que o PSDB queria "levar o Senado no tapetão".

"A mudança no Senado não depende de licença, ou renúncia, ou do vice-presidente assumir. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Tem a ver com a reforma completa daquela instituição, que está defasada", afirmou o senador.

Guerra reiterou a posição do partido de pedir o afastamento de Sarney por 60 dias, enquanto uma comissão suprapartidária faria a reforma na Casa, tese contestada pelo próprio representante tucano na Mesa diretora, seu vice-presidente, Marconi Perillo (GO). O senador evitou opinar sobre a nova posição do PT, que agora defende a permanência de Sarney .

A primeira posição petista havia sido análoga à tucana. "Nós, do PSDB, não tratamos disso ainda. Essa proposta não vingou, não aconteceu. Nós temos é que desejar uma rápida solução para o problema porque o objetivo traçado por todos nós é encurtar a crise", afirmou.

Guerra esteve ontem com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que há uma semana afirmou ter confiança em que Sarney saberia superar a crise e relembrou as boas relações que tem com o presidente do Senado desde que Sarney foi eleito vice-presidente na chapa do avô do governador, Tancredo Neves. Ontem, Aécio foi menos enfático na defesa de Sarney. "Não é bom para a democracia o Congresso fragilizado. Isto tem uma conseqüência imediata que é o fortalecimento do outro poder, que é o Executivo. E não podemos viver num país com uma concentração já tão grande de poderes da União. Agora em especial o Senado sabe que precisa construir uma nova agenda. Uma reforma estrutural no Congresso é claramente necessária, agora, os senadores é que vão decidir se com a presença do presidente Sarney ou não", disse.