Título: Três senadores do PT mantêm pressão por saída de Sarney
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 07/07/2009, Política, p. A8

Dividida em relação ao afastamento temporário do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a bancada do PT pode adiar a decisão sobre o apoio ao pemedebista. Os senadores petistas devem reunir-se hoje para debater o pedido de sustentação política a Sarney feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ainda não há consenso. Marina Silva (AC), Tião Viana (AC) e Eduardo Suplicy pressionam pela saída temporária do presidente do Senado para a apuração das denúncias que o envolvem.

Lula pediu aos senadores apoio a Sarney para preservar a governabilidade no Legislativo e a aliança com o PMDB para a eleição presidencial, em 2010. Sarney indicou que poderia renunciar se não tivesse apoio do PT e de Lula. A maioria da bancada, entretanto, manifestou-se a favor do afastamento de Sarney para garantir a lisura das investigações. Lula teria "enquadrado a bancada", mas Marina, Suplicy e Viana mantiveram declarações contrárias à decisão de Lula. Hoje, deverão enfrentar a resistência do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP).

Suplicy, único petista presente durante toda a sessão de ontem, reiterou o pedido de afastamento de Sarney na tribuna e leu artigo da senadora Marina Silva, publicado no jornal Folha de S.Paulo, com opinião semelhante: " (O afastamento) exigiria dos partidos que deixassem de lado o oportunismo e a tentação de se ater a seus interesses no varejo, para que todos, principalmente a sociedade e a instituição Senado, possam ganhar no atacado", escreveu Marina.

"Será melhor para o presidente José Sarney, para o Senado, que ele possa solicitar uma licença, digamos, por período suficiente adequado, para que se apurem os fatos relativos à sua própria pessoa", disse Suplicy, referindo-se a período de 30 dias para apuração de irregularidades envolvendo diretores do Senado e o presidente da Casa. "Eu acho que isso era e continua a ser uma opinião dita por muitos de nós ao Presidente Lula; essa opinião continua", declarou ontem, na tribuna do Senado.

Viana, com apoio de Marina e Suplicy, deve apresentar hoje uma proposta de Lei de Responsabilidade Fiscal e Administrativa para o Senado.

Pouco antes do pronunciamento de Suplicy, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediu o afastamento de Sarney. Vasconcelos criticou não só o presidente do Senado, mas também o presidente Lula por sua "ingerência sem limite". "Constrangendo e ameaçando seus próprios partidários (Lula) decidiu que, contra todos os fatos, irá impor sua vontade imperial, sustentando um presidente do Senado que não tem apoio interno para permanecer no cargo, um presidente que se transformou em uma rara unanimidade negativa", declarou. "(Lula) não tem pudor algum; tudo fará para permanecer no poder, inclusive comprometer seus correligionários e destruir o que ainda resta de dignidade no Congresso.", disse Jarbas Vasconcelos, que, em entrevista no início do ano com acusações de corrupção no PMDB, atiçou as disputas internas no Senado.

Ao presidente do Senado, Vasconcelos pediu para que ele "valorize sua biografia, sua condição de estadista" e que se afaste para " ver que está destruindo a si mesmo e a esta Casa (Senado)"