Título: Cepal já prevê uma forte recuperação da AL em 2010
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Fonte: Valor Econômico, 16/07/2009, Internacional, p. A11

A economia da América Latina terá uma retração de 1,9% este ano, depois ter crescido por seis anos seguidos, segundo projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Em 2010, no entanto, os países da região voltarão a crescer graças à recuperação dos preços de matérias-primas e da retomada de alguns segmentos da indústria, prevê a Cepal. Em conjunto, as economias terão uma avanço de 3,1% no próximo ano. O Brasil, segundo o estudo, encolherá 0,8% este ano e crescerá 3,5% no próximo.

O órgão da ONU reviu para baixo a previsão de retração do conjunto dos países de 1,7% para 1,9%. O desempenho da região será um pouco melhor que os de economias desenvolvidas. Em 2009, os EUA deverão ter uma retração ao redor do 3%; o Japão de 6% a 7%; e a União Europeia, de 3,5% a 4,8%.

Nos países latino-americanos e caribenhos, o impacto da queda do PIB este ano provocará uma alta nas taxa de desemprego para 9%. No ano passado, a taxa ficou em 7,5%. Esse aumento terá um reflexo direto no poder de compra dos latinos. "Tudo isso terá um impacto muito sério sobre a pobreza", disse a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, durante apresentação do "Estudo Econômico da América Latina e Caribe".

Segundo ela, a previsão é que já no segundo semestre deste ano, a economia regional comece a se recuperar. "Cremos que em 2010 poderá haver uma recuperação mais consolidada", após um período de queda na atividade econômica "muito forte e muito dramática" este ano.

A expectativa de aumento do preço do petróleo e de algumas commodities ajudará no reaquecimento das economias regionais.

Isso deve ajudar países cujas economia têm alto grau de dependência de petróleo, minérios e agricultura. Um deles é a Venezuela, o maior exportador de petróleo da América do Sul, que segundo a Cepal crescerá 3,5% depois de um avanço de 0,3% neste ano. Mesmo no México, onde a produção petrolífera vem caindo e a redução da demanda americana deverá levar a economia a se retrair 7%, a previsão para 2010 é de avanço de 2,5%.

A Cepal concorda com a análise de muitos especialistas e governantes que têm insistido na capacidade de reação da região à crise atual. "Os países da região contam com margens de manobra que, com diferenças de um caso para outro, permite a eles implementar políticas destinadas a moderar os efeitos [da crise internacional] sobre a produção e o emprego", diz.