Título: Desemprego fecha 2009 em 8,1%
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 29/01/2010, Economia, p. 11

Nestes últimos anos, tenho a impressão de que há cada vez mais oportunidades¿ Aline Campos, corretora do segmento imobiliário

A fila do desemprego no Brasil ficou menor em 2009. Em dezembro, a taxa de desocupação retornou ao menor nível da série histórica, 6,8%, na comparação com novembro. Um percentual assim havia sido registrado uma única vez, um ano antes, em dezembro de 2008. Mesmo com a crise econômica mundial, o país seguiu na contramão do restante do mundo e, segundo especialistas, conseguiu segurar o mercado de trabalho em função do forte consumo doméstico. Tamanha atividade interna fez o índice de desemprego acumulado em 2009 ficar em 8,1%, o segundo menor desempenho já registrado na pesquisa do IBGE iniciada em 2002 (veja quadro).

Dezembro passado foi um mês positivo para o mercado de trabalho. A quantidade de pessoas com alguma ocupação remunerada aumentou 1% frente a novembro e 1,4% comparado com igual mês de 2008. Com o incremento mensal, o contingente de empregados chegou a 21,8 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. ¿O que sustentou esse bom desempenho foi o mercado interno. Houve expansão da renda nos últimos anos, o que gerou movimento no comércio. O varejo, durante a crise, não sofreu retração, até cresceu. Isso permitiu que a geração de empregos continuasse¿, explicou o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite.

Ainda segundo o professor da Trevisan, não há indício de que a o mercado de trabalho vá ¿dar sustos¿ no brasileiro, ao menos em curto prazo. ¿Para 2010, o desempenho vai ser semelhante ao de 2009¿, afirmou. ¿O setor de serviços, em geral, é o que oferece mais postos de trabalho. Contudo, a partir deste ano, a construção civil vai puxar a alta do emprego com obras para a Copa do Mundo, Olimpíadas, projetos de infraestrutura e de moradia. O país está entrando em uma fase de investimentos que demandam muito da construção civil¿, disse Alcides Leite.

Direitos

A despeito do bom resultado do emprego no ano passado, nem todas as vagas oferecidas foram com carteira assinada, que garantem ao trabalhador maior cobertura social. A estudante de direito Aline Campos, 20 anos, é uma dos muitos brasileiros que garantiram espaço no mercado de trabalho em 2009, mas aos quais ainda resta conquistar uma oportunidade com direitos trabalhistas assegurados.

Em dezembro, Aline se tornou corretora imobiliária. A função não tem registro em carteira, no entanto, de acordo com ela, vale a pena pelas comissões. Com os rendimentos que obtém, consegue pagar as mensalidades da faculdade e passar o mês tranquila. ¿Nestes últimos anos, tenho a impressão de que há cada vez mais oportunidades¿, afirmou a estudante.

Dança das vagas

Desemprego médio anual

2002 - 11,6%

2003 - 12,3%

2004 - 11,5%

2005 - 9,8%

2006 - 10%

2007 - 9,3%

2008 - 7,9%

2009 - 8,1%

Taxa mensal em 2009

Janeiro - 8,2%

Fevereiro - 8,5%

Março - 9%

Abril - 8,9%

Maio - 8,8%

Junho - 8,1%

Julho - 8%

Agosto - 8,1%

Setembro - 7,7%

Outubro - 7,5%

Novembro - 7,4%

Dezembro - 6,8%

Fonte: IBGE

Receita para o INSS

Entre 2003 e 2009, a população desempregada diminuiu 28,7%, o que representa 752 mil pessoas a menos em busca de trabalho. Em igual período, o contingente de empregados aumentou 14%. O período analisado pelo IBGE compreende o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva até o ano passado e não faz comparações com administrações anteriores. ¿Este período de sete anos foi uma época de restruturação. Não dá para pensar em dois governos sem entender que haviam situações diferentes. Os avanços de hoje se devem aos ajustes do passado¿, disse o professor de economia Alcides Leite.

Entre os dados positivos colhidos pelo levantamento está o incremento na quantidade de trabalhadores que passaram a contribuir para a Previdência Social: no último ano, o indicador chegou a 66,8% da população ocupada ¿ maior número já registrado desde 2003, quando a taxa estava em 61,2%, o que representa um aumento de 24,3% desde o primeiro ano de Lula como presidente. O nível educacional dos trabalhadores também melhorou e o número de empregados com 11 anos ou mais de estudo se elevou em 10,8 pontos percentuais.

¿Tudo isso é reflexo da melhora na economia do país. Está ficando mais fácil arrumar emprego¿, ponderou Alcides Leite. O balanço do mercado de trabalho mostra ainda que mais mulheres estão empregadas. Elas passaram a 45,1% dos ocupados. Em 2003, eram 43%. (VM)