Título: Dilma, a candidata assumida
Autor: Carvalho, Paola
Fonte: Correio Braziliense, 30/01/2010, Política, p. 7

No interior de Minas, a ministra manifesta a intenção de brigar pela sucessão de Lula Dilma: ¿Presidente tem de ter sucessor à altura. Gostaria que me escolhessem¿

Jacutinga ¿ A ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, aproveitou o clima de campanha eleitoral em Jacutinga, no sul de Minas, para admitir publicamente que deseja ser a sucessora do presidente Lula. ¿Eu acho que o presidente tem de ter um sucessor à altura do governo dele. Eu gostaria muito que me escolhessem como essa sucessora. Não sou hoje¿, afirmou a ministra, depois de inaugurar o gasoduto Paulínia (SP) ¿ Jacutinga, da Petrobras. No discurso, tratou pouco de energia e preferiu dedicar quase a totalidade da fala à promoção de temas que serão parte da campanha presidencial.

O evento foi o segundo da ministra em Minas em 15 dias e mesmo que o clima fosse de campanha ela ressalvou que ainda não foi escolhida oficialmente pelo partido, o que deve ocorrer entre 18 e 20 de fevereiro, no Congresso do PT. Por isso, Dilma afirmou que não dará palpite sobre a possibilidade de o deputado Michel Temer, presidente licenciado do PMDB, ser vice. ¿Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém¿, frisou.

Dilma chegou de helicóptero à cerimônia, que atrasou mais de uma hora por conta das fortes chuvas que assolam a região. Vestiu jaqueta e capacete da Petrobras e, sorridente, percorreu as instalações do gasoduto. Sua equipe foi acompanhada por autoridades locais, os deputados federais Virgílio Guimarães (PT), Odair Cunha (PT), Miguel Correia Jr. (PT), Jô Moraes (PCdoB) e a presidente em exercício da Petrobras, Graça Foster.

Lama Dilma fez um discurso para poucos, em razão do difícil acesso ao empreendimento, na zona rural de Jacutinga. Um itinerário de 12km de lama, que não desanimou correligionários. Ao coro de ¿Dilma, presidente¿, descerrou a placa que registra a chegada do gás natural ao sul de Minas.

Dilma conseguiu encaixar de creches a enchentes na sua fala, reservando também espaço à nova etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apelidado de PAC 2. A ministra não perdeu a chance de afagar prefeitos presentes com a promessa de liberação de dinheiro para obras de drenagem. ¿A chuva existe. Só não podemos nos conformar. Temos que adotar medidas preventivas¿, afirmou.

A ministra não comentou quando deixa o governo. O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que é da equipe que coordena a pré-campanha da petista, informou que, por enquanto, a agenda de Dilma é a mesma do presidente. Depois que for candidata oficial, contudo, terá o cronograma próprio.

A repórter viajou a convite da Petrobras