Título: Saques do FGTS aumentam 24,6% no 1º semestre
Autor: Bouças , Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2009, Brasil, p. A2

Os efeitos negativos da crise financeira sobre o mercado de trabalho fizeram com que os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) gerados por demissão sem justa causa crescessem 24,6% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado, e o pagamento do seguro-desemprego atingisse a cifra recorde de R$ 9,9 bilhões.

De janeiro a junho deste ano, R$ 24,8 bilhões saíram da contas do FGTS por causa das demissões, contra R$ 19,9 bilhões do mesmo período do ano anterior. Segundo o Ministério do Trabalho, nesse montante ainda estão valores residuais de uso do FGTS por trabalhadores em operações de aquisição da casa própria.

Mesmo com o crescimento dos saques, a captação líquida do FGTS no período ainda ficou positiva, porque as receitas do fundo nos seis primeiros meses do ano somaram R$ 27,1 bilhões. Considerando outros motivos de saques, como desembolsos para investimentos em programas federais e subsídios diretos a programas habitacionais para baixa renda, os saques totais do FGTS no primeiro semestre chegaram a R$ 32,97 bilhões, 12,4% mais do que no primeiro semestre de 2008, quando a liberação ficou em R$ 29,3 bilhões.

Já pagamento do seguro-desemprego atingiu o valor recorde de R$ 9,96 bilhões no primeiro semestre do ano, sacado por cerca de 4,1 milhões de demitidos. Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, os números devem ser vistos como mais uma ação anticrise do governo. " Isso é dinheiro que se injetou na economia. Para mim, não é gasto e, sim, investimento, que ajudou a amenizar a crise ", disse Lupi ao divulgar os dados.

O ministro citou três fatores que contribuíram para o aumento dos saques do seguro-desemprego. O primeiro foi "o grande número de demissões" ao fim de 2008 em função da crise, com os recursos sendo sacados apenas no início de 2009. Outro fator foi o aumento de duas parcelas para trabalhadores de setores mais prejudicados pela crise, beneficiando cerca de 320 mil demitidos. O terceiro motivo foi o reajuste do salário mínimo, antecipado para fevereiro, elevando os valores pagos, já que o seguro-desemprego se baseia no piso nacional.